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Diretor: José Francisco de Jesus Pantoja Pereira
Gerente de Relações Institucionais: Sheila Tussi da Cunha Barbosa
Analistas de Relações Institucionais: Claudia Fernanda Silva Almeida
Renan Bonilha Klein
Assistente Administrativa: Quênia Adriana Camargo
Estagiárias: Letícia Tegoni Goedert
Tamiris Clóvis de Almeida


Pesquisa Mensal do Emprego (PME)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimou a taxa de desemprego para o mês de abril em 6,4% (avanço de 0,2 p.p. no nível de desemprego referente ao mês de março). Em março o instituto havia confirmado a taxa de 6,2%. Para o mesmo mês de referência no ano anterior, a taxa se situava em 4,9% (crescimento de 1,5 p.p.). A taxa mede o montante de pessoas desempregadas à procura de emprego em relação à força de trabalho do país. O baixo desempenho do mercado de trabalho está relacionado ao desaquecimento da atividade econômica do país, e consequentemente as medidas recentes do governo só contribuem para o avanço da taxa.

A Indústria, terceiro maior empregador do país, está passando por uma das maiores crises já experimentada. Os pátios de veículos das grandes montadoras do país estão lotados, o que leva algumas montadoras a suspender ou reduzir suas atividades. O ritmo lento do consumo obriga a Indústria a adotar medidas drásticas. Ações como férias coletivas e contratos de lay-off (suspensão de contratos) objetivam evitar demissões no curto prazo, porém não são eficazes em  longos períodos de crise. Recentemente o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo informou que desde o começo do ano a montadora de veículos General Motors (GM) da região mantém 778 trabalhadores sobre o regime de lay-off.

E quando tais medidas se esgotarem? Mais demissões? Infelizmente, sim!

Taxa básica de juros elevada, baixa confiança do empresário e alto endividamento dos consumidores são fatores que colaboram para a retração do mercado de trabalho.

Similar ao modelo adotado na Alemanha o Governo estuda lançar o Programa de Proteção ao Emprego (PPE). O PPE visa frear o avanço das demissões no país retirando os custos do salário do trabalhador de cima do empresário e transferindo para o Governo, mais precisamente para o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A proposta já foi entregue a Presidente Dilma Roussef e conta com o apoio das centrais sindicais e do setor patronal.

No meio sindical as opiniões sobre a adoção do programa divergem. O Diretor Secretário da CNTC e Presidente da Federação dos Empregados de Agentes Autônomos do Comércio do Estado de São Paulo (FEAAC), Lourival Figueiredo, diz não acreditar nos benefícios do programa e o compara ao resultado das desonerações tributárias. “Tais incentivos foram utilizados para estimular a produção e sob a alegação de preservar o emprego do brasileiro. Hoje o que vemos é a taxa de desemprego aumentando e ameaças de demissões em massa na Indústria e no Comércio.” afirmou o líder sindical.

A pesquisa ainda divulga o contigente de desocupados no país. O montante chega a 1,6 milhões de pessoas nas seis regiões investigadas. A região metropolitana de Porto Alegre apresentou o pior resultado quando comparado a abril de 2014. O contigente de desocupados em Porto Alegre cresceu 61,6%, seguido por Belo Horizonte (51,1%) e Rio de Janeiro (49,5%).

O poder de compra do trabalhador, segundo o IBGE, diminui em 0,5% frente a março (passando de R$ 2.148 para R$ 2.138). A massa de rendimento médio real do trabalhador caiu 3,8% no ano.

Taxa de desemprego

Saldo do Emprego no Comércio e Serviços

Os avanços sociais conquistados na última década, em razão das baixas taxas de desemprego e o aumento da renda real do trabalhador brasileiro, agora estão correndo perigo. De acordo com a edição de abril do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), o país fechou mais de 137 mil postos de trabalho nos primeiros quatro meses do ano (retração de 0,33 p.p.). Somente em abril o país apresentou queda de 97.828 no estoque de emprego formal. É o pior resultado desde abril de 1992, na época o saldo registrado para o período atingiu – 63 mil.

O segundo maior empregador do país, o setor de Comércio, acumula mais de 1,47 milhões de desligamentos em 2015. No ano o setor apresentou saldo negativo (admissões – desligamentos) de 142 mil empregos. Para abril deste ano as demissões superaram em 14,6 mil as admissões.

O pessimismo no mercado de trabalho se estendeu ao setor de Serviços. No mês passado a edição do Informe Econômico havia confirmado a criação de mais de 53 mil postos de trabalho no setor. Porém a situação em abril se inverteu. O estoque formal de emprego entre março e abril registrou retração de 0,04% (retração de 7,5 mil postos de trabalho). Mesmo assim o acumulado no ano continua positivo. Até abril foram criados mais de 105 mil empregos no setor de Serviços.

saldo emprego comercio

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio

O contingente de desempregados cresceu no país no trimestre finalizado em abril deste ano. O número de pessoas desempregadas, de acordo com a PNAD Contínua, alcançou 8 milhões. No trimestre anterior o contingente de desocupados era de 6,8 milhões de pessoas, o que indica elevação de 1,2 milhões de trabalhadores à procura de emprego no país. O trimestre móvel de novembro a janeiro de 2015 registrou uma taxa de desocupação em 6,4%, e agora para o trimestre de fevereiro a abril passou a ser de 8,0%. Na comparação com o mesmo trimestre de 2014, a taxa calculada era de 7,1%.

Segundo o IBGE, por trimestre são investigados 211.344 domicílios dispersos em 3.500 municípios.

Nos últimos três anos as maiores taxas de desocupação são conferidas nos dois primeiros trimestres móveis do ano. Contudo o comportamento do indicador no início de 2015 indica excepcionalidade para o mercado de trabalho.

O total de pessoas ocupadas estimado pela PNAD foi de 92,2 milhões de trabalhadores. Constata-se a redução de 511 mil pessoas quando comparado ao último trimestre (de novembro a janeiro de 2015).

Volume de vendas no Comércio

A recente Pesquisa Mensal do Comércio divulgada pelo IBGE confirmou a queda nas vendas no Comércio Varejista. Em abril, o volume de vendas registrou variação negativa de 0,4 p.p., enquanto que a receita nominal avançou positivamente em 0,3%. É o terceiro mês consecutivo de queda nas vendas do setor e o pior resultado para o mês desde 2003. O encarecimento do crédito, a inflação e o crescimento do endividamento do brasileiro são fatores que influenciam no comportamento do consumidor. Apenas duas atividades apresentarem crescimento nas vendas frente a março.

O segmento de hiper e supermercados teve variação positiva de 1,9%, entretanto não foi o suficiente para inverter a taxa negativa de 1,4% no ano. O segmento de artigos farmacêuticos e médicos manteve o ciclo de crescimento nas vendas durante todo o trimestre e já acumula crescimento de 5,9% no volume de vendas.

Ao adicionar as vendas de veículos, motos, partes e peças e de material de construção ao Comércio Varejista, o indicador de vendas finalizou abril com retração de 0,3%. A receita nominal para o Comércio Varejista Ampliado voltou a ser positiva após dois meses de queda, apresentando variação de 0,3%. A atividade ligada à venda de veículos e motos registrou crescimento de 4,4% frente a março.

A pesquisa indica que a Páscoa não conseguiu estimular o Comércio. Tendo em vista que a data comemorativa ocorreu no ínicio de abril, entretanto as vendas foram concentradas em março.

Inflação

inflacao

Selic

No início de junho o Comitê de Política Monetária (Copom) se reuniu para estabelecer o rumo da política monetária do país. Por decisão unânime, os membros do Copom elevaram a taxa básica de juros, Selic, em 0,50 p.p. Com a decisão a Selic atingiu 13,75%, reassumindo o patamar observado em dezembro de 2008.

O aumento é justificado pelo compromisso assumido pelo Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de convergir a inflação para o centro da meta de 4,5% em 2016. Nos últimos 12 meses, a inflação registrada pelo IPCA foi de 8,47%. O mercado projeta a taxa de inflação até o final do ano em 8,79% e de 5,50% para 2016.

De acordo com a ata do Copom, o patamar elevado da taxa de inflação é reflexo de dois processos de ajustes de preços na economia, sendo estes o realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e o realinhamento dos preços administrados em relação aos livres. O Comitê justifica que esses ajustes tendem a manter a inflação elevada no curto prazo.

As recentes decisões adotadas pelo Copom sugerem que o ciclo de aperto não se encerrou. As próximas reuniões estão marcadas para os dias 28 e 29 de julho.

Poupança

A poupança registrou o quinto mês consecutivo de saldo negativo na captação líquida (depósitos – retiradas). O Banco Central informa que no ano os depósitos na caderneta de poupança acumulam R$ 746,78 bilhões, por outro lado as retiradas foram superiores e chegaram a R$ 779,06 bilhões. De janeiro a maio deste ano a captação líquida soma perdas de R$ 32,28 bilhões.

Mesmo com perdas registradas em maio, foi o mês com o melhor resultado no ano. Perdas significativas ocorreram nos meses de fevereiro e março quando o investimento conferiu saldo negativo de R$ 17,70 bilhões para a captação líquida em apenas dois meses.

O ativo perdeu o interesse dos investidores após os seguidos aumentos na taxa básica de juros. Hoje a poupança remunera o equivalente a 0,5% a.m. mais a Taxa Referencial (TR). Até maio o rendimento do investimento foi de 2,99%, sendo que a inflação acumulada atingiu 5,34%. Ou seja, o trabalhador brasileiro com recursos investidos na caderneta de poupança teve seu poder de compra reduzido em 2,35%.

Por exemplo, um investimento de R$ 5 mil aplicado na poupança no início de janeiro resultaria em maio no montante de R$ 5.149,5. Porém se o mesmo valor fosse corrigido de acordo com a inflação seria de R$ 5.267. Resultando em uma perda de R$ 117,5 no poder de compra.

No mercado existem investimentos tão seguros quanto a poupança e com rendimentos superiores. Aplicações no Tesouro Direto possibilitam rendimentos superior a 6% a.a. mais a variação do IPCA. Outra opção é o Certificado de Depósito Bancário (CDB) indexado ao CDI. A rentabilidade do CDI é muito próxima a Selic. As taxas variam, mas podem chegar até 110% do CDI.

Cesta Básica

O preço do conjunto dos bens alimentícios que compõem a cesta básica manifestou aumento em 17 das 18 cidades avaliadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Salvador (10,69%), Fortaleza (8,89%) e Recife (7,73%) registraram as maiores altas. Apenas Aracaju (-1,58%) demonstrou redução nos valores dos itens que compõem a cesta básica.

O maior valor apurado pode ser observado em São Paulo (R$ 402,5) e o menor em Aracaju (R$ 277,16). Itens como o tomate contribuíram para o resultado, variando entre 3,02% em Aracaju e 108,97% em Salvador. O aumento pode ser justificado pela queda na oferta do alimento, em função de incidência de pragas e a maturação lenta do fruto no frio. Outros alimentos básicos na alimentação do brasileiro, como o pão francês, a carne bovina, o leite e o óleo de soja, auferiram também elevação nos preços.

De acordo com estimativas do Dieese, o salário mínimo ideal para custear as despesas básicas do trabalhador brasileiro em maio seria de R$ 3.377,62, ou 4,29 vezes o salário mínimo vigente no país. Para o mesmo período do ano passado o Dieese havia estimado o salário mínimo em R$ 3.079,31, ou 4,25 vezes o salário mínimo vigente em 2014. O cenário de instabilidade econômica reflete a diminuição do poder de compra do brasileiro.

cesta basica

Endividamento Familiar

A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) confirma a quarta alta consecutiva na relação de famílias com dívidas em atraso. A Peic é apurada mensalmente e conta com a coleta de dados de 18 mil consumidores distribuídos em todas as capitais metropolitanas e no Distrito Federal.

Em abril a pesquisa indicava para 19,7% das famílias com dívidas ou contas em atraso, já em maio esse percentual saltou para 21,1% (elevação de 1,4 p.p.). O total de endividados no país também sofreu aumento no período, chegando a 62,4% das famílias entrevistadas. Grande parte das dívidas está concentrada entre cartão de crédito, carnês e financiamento de veículos.

A alta aconteceu em ambas as faixas de renda. Especificamente no grupo com renda familiar inferior a 10 salários mínimos subiu 1 p.p. em comparação a maio. O resultado sugere que o avanço da inflação nos últimos meses em conjunto com a elevação da taxa de desemprego contribuiu para o comprometimento do orçamento das famílias.

O percentual de famílias que declararam não ter condição para pagar as dívidas cresceu de 6,9% para 7,4%.

Dívida Pública

De acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional a dívida pública federal (interna e externa) atingiu R$ 2,451 trilhões no mês de abril. O estoque da dívida avançou, em termos nominais, 0,42% frente a março quando a dívida se encontrava a R$ 2,441 trilhões.

Apesar da retração de 5,64% do estoque da dívida pública federal externa, a dívida interna auferiu elevação de 0,75% em virtude da apropriação positiva de R$ 20,7 bilhões referente a juros da dívida. Hoje a composição da dívida pública é de 95,20% de dívida interna e de 4,80% de externa.

Os dados demonstram a tentativa do Governo em diminuir a dívida. As emissões de dívida somam R$ 102,213 bilhões contra os resgates de R$ 112,643 bilhões, logo o Governo pagou mais dívidas do que emitiu.

Indicadores de Mercado

indicadores de mercado

 

Brasília, 19 de junho de 2015.

Renan Bonilha Klein