4º Fórum Regional de Redes Sindicais em Empresas Multilatinas

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18/09/2018

4º Fórum Regional de Redes Sindicais em Empresas Multilatinas

O 4º Fórum Regional de Redes Sindicais em Empresas Multilatinas, aconteceu em Santiago/Chile, no período de 03 a 05 de setembro, promovido pela UNI Américas Comércio, onde foram pautados debates sobre a situação regional do setor comércio; política internacional e o avanço dos governos contra os direitos dos trabalhadores organizados na região; o trabalho do futuro e seus impactos no mundo do trabalho; ações sindicais globais da UNI Comércio; avanços e dificuldades dos sindicatos dos comerciários, relatórios nacionais; fortalecimento de alianças sindicais regionais, trabalho grupal. A delegação da CNTC estava composta pelo presidente Levi Fernandes Pinto, pelo diretor de relações internacionais Luiz de Souza Arraes que é representante da Confederação como membro titular no Comitê Executivo da UNI Américas e pelo signatário, que é diretor de negociação coletiva e relações do trabalho e representante desta Casa como membro nas Redes da UNI Walmart, UNI Carrefour e no Comitê do Comércio.

Participaram desse Fórum, mais de cinquenta representantes de vários países da América Latina, Central e do Norte. Após a abertura oficial do evento, Márcio Monzane, Secretário Regional da UNI Américas, fez uma análise da conjuntura política vigente nos países da América Latina e as regressões que a sociedade em geral e os trabalhadores em particular estão sofrendo com o avanço de governos neoliberais no continente. Destacou a ofensiva contra a legislação protetiva do trabalho e das entidades sindicais. Outra denúncia grave, foi de que na Colômbia, somente este ano, foram assassinados mais de 170 dirigentes sindicais e populares pelas forças conservadoras. Na Argentina, além das políticas regressivas, o governo Macri, Fecha o Ministério do Trabalho, transformando-o numa secretaria.

No segundo dia do encontro, tivemos a fala do Senador de Antofagasta de Chile, Alejandro Guillier, que tratou do tema sobre Política Internacional e o avanço dos governos contra os direitos dos trabalhadores organizados na região. Constamos que as mesmas políticas implementadas no Brasil, acontecem nos demais países da América Latina. Esta é uma política fomentada e financiada pelas empresas que hoje atuam em nível regional e mundial. O senador, que foi candidato à presidência nas últimas eleições chilenas, destacou a importância, nesta nova conjuntura, de uma articulação cada vez maior do movimento sindical dos trabalhadores em nível regional e mundial. Segundo Guillier, a precarização tem atingido com maior intensidade as mulheres e a juventude.

Outro tema que suscitou um amplo debate, foi o trabalho do futuro e seus impactos no mundo do trabalho. A quarta revolução industrial que atinge de forma significativa os setores do comércio e serviços, com a supressão de empregos, junto com a flexibilização e um controle cada vez maior do trabalho.

O e-commerce, mereceu destaque no debate, para diminuirmos o impacto nos salários dos trabalhadores do comércio físico e como organizar os trabalhadores deste setor, que deverá crescer de forma exponencial nos próximos anos.

Tivemos no encontro, um espaço para a fala dos representantes dos países presentes, que em sua ampla maioria destacaram a ofensiva contra os direitos sociais e trabalhistas e a necessidade de enfrentamento desta ofensiva com uma resistência cada vez mais unitária e intensa da classe trabalhadora.

Na fala da CNTC, destacamos o momento político do Brasil, o processo eleitoral em curso, a regressão imposta pelo governo Temer com a Emenda Constitucional 95, e Reforma Trabalhista. Destacamos ainda os acordos firmados pela CNTC com grandes redes nacionais e multinacionais.

No terceiro dia do evento, o assessor da Fenatracop Chile, Patrício Caneo, teceu considerações sobre a realidade dos trabalhadores chilenos e da América Latina, de exclusão do mercado formal de trabalho. Ofensiva grave com legislações específicas para jovens que entram no mercado sem a garantia de qualquer direito, jornadas sem controle e a descansos semanais remunerados.

Estamos frente a mudanças profundas no mundo da tecnologia e do trabalho, e é neste contexto que temos que construir novas formas de organização e de relação do movimento sindical com os trabalhadores, a sociedade e as empresas.

Outro aspecto relevante que precisa ser levado em conta é que estas mudanças nas leis trabalhistas acontecem no mundo inteiro, promovidas pelas grandes corporações mundiais. Isto exige uma articulação mais ampla e profunda do movimento sindical laboral, além da ação local.

Destaque também merece a questão da formação profissional, diante da dinâmica acelerada das novas tecnologias do comércio. Aqui deve ter a participação dos sindicatos de trabalhadores.

Outro tema abordado, neste novo contexto, é a utilização da comunicação em particular das redes sociais para nos comunicarmos de forma mais ampla, rápida e correta com a categoria, composta por um novo perfil, mais jovem, mais tecnológico.

O que se constata é que as empresas têm uma estratégia de implementação das novas tecnologias e o start já foi dado, já é uma realidade, pode demorar um pouco mais ou menos conforme a empresa e o setor.

Na parte final do encontro, o grupo teve uma mesa de negociação com a direção da Holding Ripley, Falabella e Cencosud, Multilatina presente em inúmeros países da América Latina, inclusive no Brasil. No encontro foram levantados por representantes dos países presentes, temas como a terceirização, trabalho tempo parcial, participação nos resultados novas tecnologias e precarização do trabalho da juventude e a liberdade de organização nos locais de trabalho e acesso sindical.

Após a fala dos representantes da empresa, ficou ajustada uma nova reunião de negociação a ser realizada em Lima, Peru, no final do mês de outubro vindouro, onde será feita uma análise de cada um dos pontos pautados e sua solução.

Santiago/Chile, 05 de setembro de 2018.

Guiomar Vidor
Diretor de Relações de Trabalho e Negociação Coletiva
Representante da CNTC nas Redes da UNI Walmart, UNI Carrefour e no Comitê do Comércio