O Brasil criou 1.117.717 postos de trabalho com carteira assinada em 2013, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta terça-feira. O número representa uma queda de 14% na comparação com o total de 1.301.842 empregos criados em 2012 e é o pior resultado em 10 anos.
O Ministério do Trabalho ressaltou que, apesar da desaceleração, o mercado de trabalho formal apresentou, pelo quinto mês consecutivo (de agosto a dezembro), maio dinamismo frente ao mesmo período de 2012.
Em termos setoriais, o setor de serviços apresentou o maior aumento no número de empregos, com abertura líquida de 546.917 postos. No comércio, foram abertas 301.095 vagas e, na indústria de transformação, 126.359. A construção civil, por sua vez, abriu 107.024 postos de trabalho e a administração pública, 22.841. A indústria extrativa mineral criou 2.680 vagas e a agricultura, 1.872.
Segundo o Caged, o comportamento favorável do setor de comércio foi proporcionado pelo aumento do emprego no comércio varejista (241.430 postos) e no atacadista (59.665).
Quanto às unidades da federação, quase todas apresentaram elevação do nível de emprego em 2013. Os destaques foram São Paulo (267.812 postos), Rio de Janeiro (100.808), Paraná (90.349) e Rio Grande do Sul (90.164). Os estados que apresentaram declínio foram Rondônia (-3.221 postos) e Alagoas (-1.484).
Em dezembro, houve uma redução de 449.44 postos de trabalho ou de 1,1% do estoque de trabalhadores do mês anterior. O Ministério do Trabalho destacou que, no fim do ano, tradicionalmente, há queda no emprego devido à presença de fatore como entressafra agrícola, término do ciclo escolar e das festas do fim do ano.
Em 2014, geração deve ficar entre 1,4 milhão e 1,5 milhão de empregos
O ministro do Trabalho, Manoel Dias, estimou que, em 2014, o Brasil criará entre 1,4 milhão e 1,5 milhão de novos empregos.
– Todos os números do Ministério do Trabalho são excelentes, o que nos sugerem que nós tenhamos em 2014 um ano melhor do que foi 2013 – disse o ministro. – O crescimento do PIB aponta para isso – acrescentou Dias, que observou que o comércio é um dos setores que deverá puxar a criação de vagas.
O ministro atribuiu a desaceleração do mercado de trabalho em 2013 ao cenário econômico.
– Nós tivemos um crescimento do PIB que não foi alto. Não pode a geração de emprego contrariar a realidade. Mesmo assim, crescemos além e acima do que indicaria, por exemplo, o crescimento do PIB – afirmou.
O economista da LCA Consultores Fábio Romão estimou que, com base em um PIB também de 2,5%, o Brasil deve criar 1,3 milhão de vagas este ano. Ele ressaltou que, hoje, a base de comparação é grande, devido à baixa taxa de desemprego no país, e que será difícil nos próximos anos observar um volume elevado de novos empregos.
– Houve um certo esgarçamento – afirmou o economista, que considerou que a criação de 1,3 milhão de vagas este ano não será um fator de pressão adicional sobre a inflação:
– A taxa de desemprego baixa já está pressionando a inflação, mas nem ocupação nem renda deverão ter aumento significativo em 2014 – observou.
O ministro Manoel Dias, ao ser questionado sobre a pressão da taxa de desemprego baixa sobre os preços, afirmou primeiro que não seria tarefa da sua área cuidar de inflação. Depois, minimizou e disse que os preços no Brasil estão sob controle e que não é preciso desacelerar o mercado de trabalho para combater a inflação.
– O governo tem controle da inflação e, por isso, não deixamos de gerar emprego – disse.
No que diz respeito à remuneração, em 2013, os salários médios de admissão cresceram 2,59% acima da inflação, passando de R$ 1.076,23 para R$ 1.104,12. No recorte por gênero, o aumento real obtido pelos homens foi de 2,76%, contra uma elevação de 2,46% no salário recebido pelas mulheres no ato da contratação. Entre 2003 e 2013, segundo o Caged, houve um aumento real de 42,91% nos salário médio de admissão.