‘Nossa preocupação é com os trabalhadores’, diz dirigente da CNTC sobre a venda de subsidiárias da Petrobras

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23/09/2016

A Federação Nacional dos Trabalhadores no Comércio de Minérios e Derivados de Petróleo (FETRAMICO), entidade filiada à Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC), representada pelo presidente Raimundo Miquilino, encaminhou para diversas autoridades nacionais, ofício questionando o processo de venda da Liquigás Distribuidora S/A e da BR Distribuidora por parte da Petrobras.

A maior preocupação da FETRAMICO passa pelos trabalhadores que poderão perder o emprego. É o que explica o presidente da entidade, Raimundo Miquilino. “O cenário atual é de desespero para milhares de pais de família que já estão sendo demitidos. Estamos falando de quatro mil postos de trabalho diretos que serão fechados na Liquigás”, destacou.

Outra preocupação da entidade é com a participação de mercado, caso uma empresa líder efetue a compra da Liquigás, já que o mercado de gás liquefeito de petróleo (GLP) é bastante concentrado.

O presidente da CNTC, Levi Fernandes Pinto reforça o questionamento feito pela FETRAMICO. “Nossa preocupação é com os trabalhadores. Vivemos uma crise econômica sem precedentes, com a maior alta do desemprego já registrada nos últimos anos”.

Para o diretor de Políticas Econômicas da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC) e presidente da Federação dos Trabalhadores no Comércio de Minérios e Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (FEPETROL), José Martins, uma possível concentração de mercado pode afetar diretamente a população. “Se a venda da Liquigás for confirmada, teremos uma inevitável alta dos preços diante da forte concentração do mercado, caso uma empresa líder compre a subsidiária. Isso sem contar com o risco de desabastecimento que pode gerar prejuízo para os consumidores”, afirmou Martins.

Análise das propostas

Matéria publicada no dia 02 de setembro pelo jornal O Estado de São Paulo revela que a estatal já teria recebido ofertas pela Liquigás, indicando que Ultra (da rede de postos de combustíveis Ipiranga e da Ultragaz), o grupo Edson Queiroz (da Nacional Gás) e a Copagaz são as empresas no páreo. Correm por fora a Supergasbras (SHV) e a empresa turca Aygaz.

Por outro lado, em resposta ao questionamento da notícia, a Petrobras informou que “o processo está em andamento e as propostas pela empresa ainda estão sendo analisadas, considerando diversos aspectos”, por meio de comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O processo de venda da Liquigás foi anunciado em 15 de junho. A subsidiária está presente em praticamente todos os estados do país e conta com 23 centros operativos, 19 depósitos, 1 base de armazenagem e carregamento rodoferroviário, além de uma rede de 4.800 revendedores autorizados e 23% de participação no mercado de GLP.

No caso da BR Distribuidora, o processo de venda de participação deve ser fechado até o primeiro trimestre de 2017. Após analisar propostas, a Petrobras resolveu alterar o modelo de venda da companhia. O modelo prevê o compartilhamento do controle da subsidiária com novos sócios. Com isso, haveria duas classes de ações, as preferenciais, sem direito a voto e as ordinárias, com direito a voto. Assim, seriam vendidos 51% do capital votante da BR Distribuidora.