Taxa de desemprego no Brasil cai para 5,3% em agosto, e renda sobe pela 1ª vez em cinco meses

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26/09/2013

A taxa de desemprego caiu para 5,3% em agosto, segunda queda mensal da taxa de desocupação e a menor taxa de desemprego do ano até agora. Em julho, a taxa ficou em 5,6%, de acordo com dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este é o melhor resultado desde dezembro, quando a taxa ficou em 4,6%. O dado de agosto repete o índice registrado no mesmo mês do ano passado, quando a taxa de desemprego também havia sido de 5,3%. A taxa de desemprego média nos primeiros oito meses do ano está em 5,7%, repetindo a média do mesmo período de 2012.

Com variação positiva de 1,7% sobre julho e de 1,3% ante agosto do ano passado, o rendimento médio real dos trabalhadores no mês de agosto subiu para R$ 1883,00, revertendo cinco meses de quedas consecutivas. Houve avanço do rendimento, na comparação entre agosto e julho, para os trabalhadores das regiões metropolitanas de Recife (1,9%), Salvador (0,8%), Belo Horizonte (2,8%), Rio de Janeiro (1,5%), São Paulo (1,6%) e em Porto Alegre (1,2%). Em relação a agosto de 2012, observa-se alta em Belo Horizonte (2,4%), Rio de Janeiro (4,4%) e Porto Alegre (6,9%). Caiu em Recife (2,7%, Salvador (2,3%) e em São Paulo (0,6%).

O rendimento de agosto foi o segundo maior da série, inferior apenas a fevereiro de 2013, quando havia sido de R$ 1.883,91. Para Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, a redução da inflação ajudou na alta do rendimento de agosto, junto com um aumento dos salários nominais. Ele afirmou que é cedo para informar se isso será uma tendência.

– A média rendimento nos oito primeiros meses do ano está em R$ 1.871,50, está 1,5% acima da média dos oito primeiros meses de 2012, que foi de R$ 1.844,00. Esta é a amior média da série, mas cresceu em velocidade inferior na comparação do 2012 sobre 2011, quando a alta foi de 4,0% – disse.

Azeredo ressalta que a taxa de desocupação teve queda significativa na comparação com julho. Ele lembrou que, no ano passado, entre julho e outubro, o indicador ficou praticamente estável, enquanto que, agora apresentou uma queda mais forte, retornando o índice para os patamares médios do segundo semestre de 2012.

– O ano de 2013, em termos de taxa de desocupação, está muito próximo do registrado em 2012 – disse.

Para ele, o que se percebe na taxa de desemprego é que em agosto foi a primeira inflexão significativa em 2013.

– O rendimento crescendo na comparação mensal, crescendo na comparação anual. A inflação mais controlada nos últimos meses dá um aumento maior do poder de compra, mas isso não é só inflação, há renegociações salariais importantes ocorrendo – afirmou.

O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado nas seis regioes metropolitanas, de cerca de 11,7 milhões, não registrou variação na comparação com julho. Na comparação anual, houve alta de 3,1.

Fora da curva

Um dos destaques negativos no ano foi o forte crescimento da desocupação no ano em Salvador. A região metropolitana foi a única, entre as analisadas pelo IBGE, onde a taxa de desemprego subiu em agosto, passando de 9,3% em julho para 9,4% no mês passado.

Em agosto de 2012, a taxa na capital baiana estava em 6,4%, ou seja, apresentou alta na taxa de desemprego de 3 pontos percentuais. O valor também se difere muito das outras capitais, que variam de 3,4% em Porto Alegre a 6,2% em recife. No Rio, a taxa de desemprego em agosto foi de 4,5% e em São Paulo ficou em 5,4%.

Por outro lado, em Salvador, o número de população ocupada cresceu 3,5% nos últimos 12 meses, com a redução de 108 mil pessoas saindo da inatividade. Também há uma queda de 2,3% no rendimento no período. Isso pode justificar a alta do desemprego, ou seja, com a queda do rendimento domiciliar, mais pessoas foram buscar trabalho, incluindo pessoas que, antes, estavam na inatividade. Mas Azeredo reitera que isso ainda é uma tese.

– Tentei ver se algo está ocorrendo em Salvador, mas não há nada que esteja explicando esta queda lá. É um movimento que ainda precisamos de tempo para entender melhor – afirmou Azeredo.

Menos postos na indústria

A pesquisa do IBGE indica ainda que em agosto a indústria fechou 33 mil postos de trabalho nas seis regiões metropolitanas, na comparação com agosto de 2012, a redução é de 98 mil empregos, praticamente a mesma queda do número de empregados doméstico em um ano, de 93 mil (em agosto sobre julho o setor registrou o fechamento de mil postos).

Por outro lado, o setor de Educação, Saúde e Administração Pública foi o maior gerador de empregos em agosto ante julho, registrando alta de 60 mil empregos. Em relação a agosto de 2012, o setor lidera a ampliação de vagas, com mais 165 mil postos, totalizando 3,956 milhões de empregos no mês.

Azeredo minimizou o fechamento de 33 mil postos de trabalho na indústria, dizendo que ainda não é algo estatisticamente significante.

“Embora o mercado de trabalho em agosto tenha registrado um resultado melhor do que o projetado, mantivemos a avaliação de que a dificuldade de aceleração da atividade ao longo desse ano deverá ser refletida por um mercado de trabalho menos favorável do que em 2012”, afirma em nota, Flávio Combat, analista a Concórdia Corretora.

Segundo a corretora, as pressões inflacionárias tendem também a prejudicar a evolução dos rendimentos reais dos trabalhadores, sobretudo diante da persistência dos aumentos dos preços dos alimentos (com maior peso na cesta de consumo da maior parte da população).

 Fonte: O Globo