Via Varejo deve fazer maior investimento desde 2014

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20/02/2018

 

 

A Via Varejo, dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio, prevê investir R$ 506 milhões este ano. Se confirmado, o montante será o maior aplicado desde 2014, quando apareceram os primeiros sinais de crise no varejo brasileiro. O valor representa uma expansão de quase 67% sobre o investimento de 2017 e ainda precisa ser aprovado pelo conselho de administração da companhia.

Os dados foram apresentados pela Via Varejo antes do anúncio de mudanças no comando do grupo (ver Grupo Pão de Açúcar muda alto escalão).

Chama a atenção o fato de metade do investimento previsto para este ano – cerca de R$ 250 milhões – ser destinada à área de tecnologia. O montante é recorde para esse departamento, desde que a empresa foi criada em 2009, com a união de Casas Bahia e Ponto Frio. Em 2017, a área recebeu R$ 154 milhões. Ontem, em relatório a clientes, o BTG Pactual destacou a necessidade de a empresa manter desembolsos altos nessa linha para tentar manter competitividade. O saldo de caixa da companhia em dezembro era de R$ 3,5 bilhões, versus R$ 4 bilhões um ano antes.

Varejistas como B2W e Magazine Luiza têm ampliado rapidamente os gastos em tecnologia, na busca pela criação de operações com foco digital, área que tem recebido mais recursos até do que os planos de abertura de lojas.

Na Via Varejo, a estimativa é de R$ 150 milhões em investimentos em novas lojas e reformas (foram R$ 100 milhões em 2017). Os R$ 100 milhões restantes devem ser aplicados em “outros projetos” (não informados). Os recursos destinados aos pontos devem sustentar uma retomada de aberturas, após desaceleração na expansão orgânica entre 2015 e 2017.

A empresa confirmou ontem a previsão de inauguração de 80 lojas em 2018 – no modelo “smart”, com área de vendas abaixo da média e uso intensivo de tecnologia. Se alcançado, será o maior volume de aberturas desde 2014, quando o grupo inaugurou 88 pontos.

Após o anúncio dos resultados do quarto trimestre de 2017 durante a madrugada, as ações (units) da empresa abriram o pregão de ontem com a maior alta da B3, em 3,5%, mas o papel “virou” e fechou em queda de 1,19. Analistas têm revisado para cima o preço-alvo no papel, mas mantido a recomendação neutra.

As casas de análise destacaram a alavancagem operacional, ganho em rentabilidade (pelo valor ajustado) e resultados mais sólidos na operação on-line. Mas destacaram que a companhia deve ter menores margens que Magazine Luiza no quarto trimestre.

A Via Varejo divulgou lucro líquido de R$ 129 milhões no quarto trimestre, versus R$ 75 milhões no ano anterior (consolidado e auditado), alta de 72%. Ao se excluir créditos da Lei do Bem apurados no quarto trimestre de 2016 (que envolviam benefícios fiscais), a perda de R$ 251 milhões virou lucro de R$ 129 milhões.

A margem bruta caiu de 33% para 32,1% considerando no ano passado efeitos da Lei do Bem. Ao se excluir esse benefício, a margem bruta sobe de 28,8% para 32,1%. “Os dois destaques mais impressionantes do trimestre foram a margem bruta saudável e a geração de caixa robusta. A empresa apresentou um forte crescimento de 7,3% [receita líquida no trimestre, não auditado], sendo o ponto alto a expansão das receitas de serviços, que cresceu aproximadamente 46%”, escreveu em relatório o analista Guilherme Assis, do Brasil Plural.

A equipe do BTG entende que o desempenho operacional dos últimos trimestres devem afetar positivamente a boa fase das ações da empresa, mas sinais mais encorajadores ainda precisam ser dados em relação à integração dos canais de venda do grupo.

Fonte: Valor Econômico