Vigília encerra Encontro Mundial de Mulheres contra a Militarização

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Nesta segunda-feira (23), se encerrou na Colômbia, o Encontro Internacional de Mulheres e Povos das Américas contra a Militarização. Desde o dia 16, mulheres e homens estiveram reunidos para debater os efeitos da militarização na vida das mulheres e nos processos organizativos. O Encontro culminou com uma grande mobilização, que aconteceu na Colômbia e em várias cidades do mundo, para dizer não à militarização e à presença de bases militares estrangeiras na América Latina.

Durante uma semana, cerca de 2.500 participantes, entre eles homens e mulheres membros de comunidades indígenas, de organizações campesinas, de artistas, afrodescendentes, membros de movimentos de mulheres, sindicalistas, e donas de casa estiveram articulados para aprofundar o debate e trocar experiências sobre os temas militarização e resistência.

A Colômbia foi escolhida para sediar o evento por ser uma nação constantemente inflamada pelos problemas gerados pelos grupos paramilitares e pela ocupação militar estadunidense, que vulnera a soberania nacional do país. Neste contexto, o Encontro Internacional pode ser entendido como uma resposta das mulheres e dos povos da América à violência, às guerras e ao uso das mulheres como mercadoria. Pode ainda ser interpretado como um passo para a construção da paz, da justiça e da reparação.

Com estes objetivos e também para pedir uma América renovada e que reconheça os direitos das mulheres, durante todo o Encontro foi pedido “que se calem as armas para que falem as mulheres e os povos em defesa da vida e da soberania”.

Durante o evento, os participantes tiveram a oportunidade de comemorar a decisão da Corte Constitucional estadunidense, que declarou inconstitucional o acordo entre Estados Unidos e Colômbia que permitia a instalação de sete bases militares em território colombiano e dava livre acesso a militares e civis dos EUA nesta região.

Mesmo com o reconhecimento desta sentença como uma vitória, ainda há um caminho muito longo a ser trilhado. A Colômbia enfrenta os conflitos armados há mais de 30 anos e já dizimou cerca de 40 mil pessoas nestes conflitos. É preciso que o país se desvencilhe dos acordos, sobretudo com os EUA, que a pretexto de combater a criminalidade e o narcotráfico, levam ainda mais medo e violência à população colombiana.

É urgente também recusar o controle dos recursos naturais e da soberania do país, assim como se desvencilhar das ações que “que buscam desestabilizar os processos políticos de mudança no continente”. Como pontua o comunicado das organizações sociais que se unem na ‘Campanha América Latina de Paz – fora bases militares estrangeiras’, caso isto não seja feito, “irão transformar a Colômbia em um Israel da América Latina”.

Influenciados por toda essa necessidade urgente de mudanças, os participantes do Encontro Internacional de Mulheres e Povos das Américas contra a Militarização encerraram uma semana de mobilização com uma grande Vigília pela Vida.

Cerca de três mil pessoas de 18 países da América e Europa seguiram em caravana para a base militar de Palanquero, no município de Puerto Salgar, para participar da Vigília. O ato político e cultural, que foi incrementado por apresentações musicais e teatrais, por um ato ecumênico e pela leitura do documento final, buscou chamar atenção para a “crescente militarização da vida civil que afronta os territórios da Colômbia e América Latina, e tem efeitos diferenciados para as mulheres”.

Fonte: Adital, em 24-08-2010