Comércio mundial será melhor em 2014, mas não retoma média histórica, diz OMC

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14/04/2014

A Organização Mundial do Comércio revisou nesta segunda-feira (14) sua estimativa para o crescimento do comércio global de bens em 2014 ligeiramente para cima, a 4,7%, mas afirmou não esperar que a expansão retorne à tendência histórica de 5,3% até 2015.

“Se as estimativas de PIB se confirmarem, esperamos uma melhora generalizada, mas modesta, no volume do comércio mundial em 2014 e maior consolidação desse crescimento em 2015”, disse o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo em Genebra.

Embora a estimativa para 2014 represente um cenário melhor do que a expansão de 4,5% que a OMC esperava quando fez sua projeção anterior em setembro, ela ainda é mais negativa que suas previsões um ano atrás, pois a recuperação econômica da União Europeia demorou mais que o esperado para se concretizar.

“A demanda da UE tem pesado sobre as importações mundiais nos últimos anos, mas está começando a mudar de direção”, disse o economista da OMC Coleman Nee.

“Estaremos observando atentamente para ver se a recuperação na UE decepciona”, acrescentou Azevêdo.

O executivo disse que não está claro se o comércio parou permanentemente de crescer ao dobro da velocidade do PIB, que era a tendência até a crise econômica mundial.

PROTECIONISMO

Ele afirmou que 80% das políticas protecionistas impostas desde 2008 ainda estão ativas, mas que espera que elas sejam removidas à medida que o crescimento econômico melhore.

“Não está no nível –nem mesmo perto do nível– que tínhamos após a crise de 1929. Mas é mensurável e lamentável.”

A OMC não faz projeções futuras sobre o comércio em serviços, mas disse que o valor em dólares da exportação global de serviços cresceu 6% em 2013, para US$ 4,6 trilhões, ante um crescimento de 2% em 2012.

FMI

Na semana passada, o FMI (Fundo Monetário Internacional) reduziu pela terceira vez a previsão de avanço do PIB brasileiro neste ano, para 1,8% (ante 2,3% na projeção anterior), e classificou o crescimento da economia como “comedido” –a estimativa para os países emergentes é de alta de 4,9%.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, no final da semana, que espera que “o FMI esteja errado quanto à previsão de crescimento do PIB brasileiro”, de 1,8%.

“O FMI teve um viés pessimista com os emergentes, devem ter se centrado nos dados de janeiro e fevereiro, quando o investidor estava mais avesso a risco”, afirmou o ministro em Washington.

Mantega esteve na capital norte-americana participando de encontros do FMI e do Banco Mundial que reúnem ministros de Economia e presidentes de bancos centrais de todo o mundo.

“O mercado deu uma acalmada. Há uma volta de capitais para os emergentes, as moedas se valorizaram, as Bolsas estão subindo. Estamos de novo reconstituindo os fluxos. Espero que se enganem quanto ao crescimento do PIB”, completou.

Para Mantega, “2014 é o ano da saída da crise global. A recuperação dos países desenvolvidos, que é correta, vai acabar atingindo os emergentes também”.

Fonte: Folha de S. Paulo