Serviços puxam crescimento do emprego na periferia de SP

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06/08/2013

Quem mora em Osasco, Guarulhos ou nos extremos leste, sul e norte da cidade de São Paulo teve boas chances de, nos últimos anos, ter conseguido um emprego mais perto de sua casa. Por outro lado, moradores de Caieiras, Franco da Rocha ou Taboão de Serra ainda precisam enfrentar grandes distâncias para conseguir trabalhar.

Esse cenário misto mostra que, apesar dos avanços na geração de empregos em zonas periféricas, sobretudo no setor de serviços, a região metropolitana de São Paulo e a própria capital ainda têm grandes desafios em criar vagas perto do local de moradia do trabalhador.

A conclusão é de um estudo da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). Com base na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), e em dados do Ministério do Trabalho, o estudo mostra a evolução da ocupação na região metropolitana e seus efeitos sobre a mobilidade dos trabalhadores.

De 2003 a 2012, a taxa ocupação nas cidades da região metropolitana de São Paulo teve um crescimento médio anual de 2,6%, mais do que o avanço de 1,9% na capital paulista. Dentro de São Paulo, a diferença é maior. Nos extremos leste, sul e norte da capital, a ocupação avançou 3,5%, 3,1% e 2,4%, respectivamente, no período, contra recuos de 1,8% do centro e de 0,5% na região oeste.

“Os deslocamentos ainda são de grande magnitude e tomam tempo das pessoas, mas efetivamente aconteceu, nesse período (2003 a 2012), um aumento da demanda por serviços, que passaram a ser oferecidos de maneira mais descentralizada”, afirma o coordenador de pesquisa da Fundação Seade, Alexandre Loloian. “Foram os serviços pessoais, que vão de salão de cabeleireiro à bancos, que deram essa dinâmica forte a essa periferia mais distante”, afirma.

Para Maria Helena Guimarães de Castro, diretora-executiva da Seade, “o aumento na oferta de emprego nas cidades e bairros periféricos diminuiu o número de trabalhadores sem carteira.”

Mas, na capital, as disparidades na oferta de vagas persistem. O centro e as zonas oeste e sul 1 têm mais empregos do que trabalhadores morando nessas regiões. Nos extremos leste e sul a situação é inversa: como há mais mão de obra do que vagas, os trabalhadores precisam se deslocar.

Isso também se reflete no nível de desocupação. No extremo leste da capital paulista, por exemplo, a taxa de desemprego medida pela PED caiu de 23,3% em 2003 para 11,5% em 2012, mas continua mais elevada que em regiões como a oeste, onde caiu de 12,3% para 6,7%.

Municípios. Outra maneira de medir o efeito da geração de empregos nas regiões mais afastadas é olhar para a mobilidade dos trabalhadores. Entre os municípios que compõem a mancha urbana paulistana, os localizados na região oeste (Osasco, Barueri, Carapicuíba, entre outros) elevaram de 60% para 70% o porcentual de trabalhadores que residem e trabalham num mesmo limite territorial. O impulso veio dos serviços financeiros, de empresas de tecnologia de informação e de grandes centros de distribuição, segundo o estudo.

A assistente de engenharia, Veridiana Zanardi, 26 anos, mora em Barueri e trabalha há cinco anos numa empresa da região. Ela enxerga oportunidades de crescimento profissional na região, mas sente falta de infraestrutura. “O transporte em Barueri é precário. Ou você vai de ônibus, ou de carro. A cidade acaba ficando dependente de Alphaville e eu já demorei quatro horas no trânsito para sair de lá (Alphaville)”, conta.

O ABC e a região leste (que abriga Guarulhos e Mogi das Cruzes, por exemplo) também reteram melhor sua força de trabalho: o porcentual de trabalhadores morando mais perto do emprego cresceu de 78,3% para 78,4%, e de 72,3% para 74,5%, respectivamente. Em contrapartida, as regiões Sudoeste (Embu das Artes e Taboão da Serra, entre outros) e Norte (Franco da Rocha e Caieiras, por exemplo) viram esse porcentual cair, de 53,6% para 50,5% e de 56,4% para 48,3%.

Fonte: O Estadão