Durante uma cúpula virtual do Brics realizada semana passada (8), o Presidente Lula defendeu o fortalecimento do comércio entre os países do bloco como forma de enfrentar o protecionismo crescente, especialmente após a adoção de tarifas unilaterais por parte dos Estados Unidos. Lula destacou a importância do multilateralismo e afirmou que o Brics tem legitimidade para liderar a reformulação do sistema global de comércio. Ele também ressaltou o papel estratégico do Novo Banco de Desenvolvimento e a complementaridade econômica dos países do bloco.
CHANTAGEM TARIFÁRIA
O presidente brasileiro criticou diretamente a “chantagem tarifária” e as sanções extraterritoriais impostas por potências ocidentais, apontando que essas medidas ferem os princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC), que, segundo ele, está paralisada. Para Lula, o unilateralismo ameaça as instituições internacionais e prejudica as economias emergentes. Ele defendeu uma atuação coordenada do Brics na próxima conferência ministerial da OMC e reforçou que a cooperação entre os países deve prevalecer sobre rivalidades geopolíticas.
TENSÕES
A reunião ocorre em um momento de tensões entre os EUA e países do Sul Global, impulsionadas pela tentativa americana de conter a influência do Brics e proteger sua hegemonia. Durante o encontro, o presidente da China, Xi Jinping, apresentou a Iniciativa de Governança Global (IGG), sinalizando o desejo de criar uma nova ordem mundial. A expansão recente do Brics, que agora inclui países como Irã, Arábia Saudita e Etiópia, foi vista como um passo importante rumo à diversificação de alianças globais e ao enfrentamento das medidas unilaterais do Ocidente.
CONFLITOS ARMADOS
Além do comércio, Lula abordou temas como conflitos armados, a presença militar dos EUA no Caribe e a crise climática. Ele denunciou a militarização da região da Venezuela e destacou que a América Latina é uma zona de paz. Também reforçou a importância da COP30, que será realizada em Belém em 2025, propondo a criação de um Conselho de Mudança do Clima da ONU. Por fim, defendeu uma nova governança digital multilateral e alertou para os riscos da dominação tecnológica concentrada em poucos países e empresas.
CURTA
CAIU! O tarifaço imposto pelos Estados Unidos às exportações brasileiras já causa impactos significativos no comércio bilateral. Segundo levantamento da Amcham Brasil, com base em dados oficiais, as exportações de produtos afetados pela medida caíram 22,4% em agosto de 2025 em relação ao mesmo mês de 2024, enquanto os itens não taxados recuaram 7,1%. No total, as exportações para os EUA diminuíram 18,5% no período, indicando que as sobretaxas estão influenciando diretamente as decisões empresariais e contribuindo para a desaceleração do comércio entre os dois países.
Luiz Carlos Motta
Presidente