Acidentes no trabalho ainda elevados no RS

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27/09/2013

A taxa de incidência de acidentes com trabalhadores gaúchos ainda é superior à média registrada no País. Enquanto a média de casos para cada 100 trabalhadores brasileiros foi de 1,54 em 2011, no Rio Grande do Sul esse índice chegou a 1,96. A estatística aponta, por outro lado, que o Estado vem se recuperando nessa área em ritmo acelerado. Os casos de acidentes envolvendo o trabalho vem caindo nos últimos anos. As estratégias de prevenção adotadas pelas empresas para garantir a segurança do trabalhador são apontadas como o fator que permite essa recuperação.

Em Santa Cruz do Sul, a taxa de incidência de acidentes também é superior à média nacional, chegando a 1,99. O alto índice de formalização das empresas gaúchas é apontado como o principal fator que leva a essa incidência. Do total de trabalhadores gaúchos, 79,1% são formais, enquanto no País esse índice é de 72,1%. Os estados com maior grau de formalidade são os que apresentam o maior número de incidências, de acordo com a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs).

Para discutir o tema, a entidade, por meio do Conselho de Relações do Trabalho e Previdência Social (Contrab), em parceria com a Associação Comercial e Industrial (ACI) de Santa Cruz, trouxe ontem ao município um ciclo de palestras sobre segurança e saúde no trabalho. “Queremos desmitificar essa impressão de que a situação piorou. As estatísticas mostram que as empresas gaúchas têm conseguido reduzir os acidentes”, afirmou Thais Niquito, economista da Fiergs e conselheira do Contrab.

Para a economista, as medidas de prevenção, com treinamentos e capacitação dos trabalhadores, são os fatores que vêm ajudando a reduzir os casos. Em 2011, o Rio Grande do Sul teve 57.353 acidentes de trabalho – uma queda de mais de 6 mil casos, ou 9,5%, em relação a 2008, quando feitos 63.396 registros. Já no Brasil, a redução foi de 5,9%, sendo que em 2011 foram 711.654 casos. “Por isso discutir esse tema é extremamente relevante para as empresas, os trabalhadores e a sociedade”, completou o vice-presidente da ACI, Eduardo Assmann.

 

ACIDENTES DE TRABALHO

No RS

2008 63.396
2009 61.945
2010 58.657
2011 57.353

Redução 9,5%

No Brasil

2008 755.980
2009 733.365
2010 709.474
2011 711.164

Redução 5,9%

A maior parte dos acidentes no RS

são no setor industrial
com homens
com idade entre 50 e 64 anos

Aspectos psicossociais preocupam

Além dos acidentes de trabalho, a saúde do trabalhador também foi um dos temas abordado no ciclo. A psicanalista e psicóloga do trabalho da Saúde Ocupacional do Sesi-RS, Graziela Alberici, falou sobre a avaliação psicossocial, que é exigida por normas regulamentadoras para aqueles profissionais que atuam, por exemplo, em espaço confinado ou em altura. A psicóloga enfatizou que a avaliação é uma forma de prevenção. “Uma pessoa em estado depressivo que estiver trabalhando por exemplo em um lugar de altura pode colocar em risco tanto a vida dela como de outros trabalhadores”, explica. Outra norma abordada no ciclo foi a NR 12, que trata da segurança no trabalho com máquinas e equipamentos. O engenheiro de Produção e Segurança no Trabalho, Giovane de Castro, apresentou um projeto da Fiergs para auxiliar as empresas a se adaptarem à norma.

Modificar a mentalidade é o maior desafio

Para o engenheiro Sergio Ussan, coordenador do Grupo de Estudos do Ambiente de Trabalho (Geat) da Fiergs, o maior desafio para continuar reduzindo esses índices é modificar mentalidades. “O empregador tem que entender que a mão de obra é muito importante e que qualquer acidente é caro. O trabalhador também tem que saber que é responsável e tem que tomar atitudes para se proteger. Ainda falta muito a fazer, mas não estamos parados, estagnados”, afirma.

Para o diretor da Fiergs, Claudino Simon, a realização de eventos como o de ontem são importantes para facilitar o acesso à informação para os empresários e trabalhadores. O diretor acredita que, apesar de ainda serem necessários avanços, o cenário é positivo. “A tendência é ter cada vez mais segurança no trabalho. Isso é bom para todos. Traz tranquilidade para o empresário e para o funcionário”, afirma.

Fonte: Gazeta do Sul