Máscaras serão necessárias por mais dois ou três anos, diz cientista da Sinovac

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13/12/2021

A variante ômicron da covid-19 e sua alta capacidade de transmissão surpreenderam cientistas, que no início da pandemia não contavam com a rápida mutação do vírus. Segundo o diretor médico da Sinovac, Zijie Zhang, que está no Brasil há três meses trabalhando dentro do Instituto Butantan em razão da parceria da farmacêutica chinês com o governo do Estado de São Paulo, a nova cepa impõe desafios aos laboratórios e sinaliza que a pandemia pode ainda não estar tão perto do fim.

“Acredito que teremos que usar máscaras, no mínimo, por pelos menos mais dois anos, talvez três”, disse Zhang em entrevista ao Valor no Instituto Butantan, ressaltando que outras medidas mais restritivas dependerão mais da gravidade de cada momento e das decisões de cada país. “Precisamos que a população tome os reforços. Veja, no continente africano somente 10% das pessoas tomaram a vacina. E mesmo nos EUA menos de 40% tomaram as doses de reforço. A melhor maneira de reduzir a transmissão é tomando o reforço”, afirma. “Se duas doses protegem por seis meses, talvez o reforço possa proteger por um ano. É o que estamos estudando.”

O cientista da Sinovac diz que as primeiras doses das vacinas, tanto a Coronavac, fabricada pela farmacêutica chinesa, quanto as demais, possivelmente são menos eficazes contra a ômicron do que eram diante das outras cepas. Contudo, isso não reduz a necessidade de que a população tome as doses de reforço. Pelo contrário, pois os laboratórios têm se dedicado a atualizar os antídotos. Zijie afirma que, quando a variante delta começou a se disseminar, os laboratórios já começaram a considerar os novos dados, mas reconhece que a ômicron aumentou a complexidade do trabalho.

“Nós também desenvolvemos vacina para a delta. Mas, baseados em resultados ao redor do mundo, vimos que as vacinas ainda desempenham um bom trabalho contra aquela variante. A taxa de proteção era muito similar entre a vacina desenvolvida para a delta e as outras era similar. Em termos de proteção vacinal, a delta não era tão perigosa”, disse Zijie.

“Já a ômicron possui mais mutações e pode reduzir rapidamente os anticorpos das vacinas. É por isso que essa variante pode ser mais problemática que as anteriores”, explica.

Fonte: Valor Econômico