Menos vagas que o necessário

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23/09/2013

Para manter o mercado de trabalho no mesmo patamar atual, considerado de pleno emprego por economistas, é necessária a geração de 62 mil vagas na média móvel de 12 meses. Contudo, atualmente, estão sendo criados 47 mil empregos no período. A constatação faz parte de estudo do Banco Brasil Plural, divulgado na edição de setembro da revista “Conjuntura Econômica”, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), e publicado com exclusividade pelo Brasil Econômico.

Analistas ouvidos pelo Ibre afirmam que a fórmula de crescimento do consumo em decorrência da melhora do mercado de trabalho, sobretudo da renda, “passou a dar sinais mais claros de esgotamento no primeiro semestre deste ano”, como informa a “Conjuntura Econômica”. E, mesmo que a taxa de desocupação medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2013, mantenha-se em níveis próximos à de 2012, de 5,5%, há indicação de que o cenário por trás dos números não são tão favoráveis.

“Os índices de ocupação e remuneração estão estagnados. Isso significa que não podemos confiar muito no salário como potencial motor para o crescimento e expansão do emprego futuro”, diz o diretor adjunto da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Carlos Henrique Corseuil. Desde maio, o rendimento médio real está desacelerando.tendo passado de 2,0% para 1,9% em junho e para 1,7% em julho, como aponta a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Além disso, a economista do Banco Brasil Plural Fernanda Guardado destaca que os trabalhadores formalizados que têm data base no terceiro trimestre deste ano terão dificuldade de renegociar o salário em agosto e setembro, o que afetará a recomposição salarial. “Ganhos reais da ordem de 3% ou 4%, como obtidos no último ano, serão muito mais difíceis de serem conquistados”, afirma.

O emprego em atividades industriais sujeitas à concorrência externa são as que tendem a apresentar mais deterioração, segundo o gerente executivo de Política Econômica da Confederação Nacional das Indústrias(CNI), Flávio Castelo Branco. É o caso dos segmentos têxtil, de couros e calçados e de máquinas e equipamentos. Nesse caso, já são registradas perdas de postos de trabalho, diz ele.

Para Fernando de Holanda Barbosa Filho, do Ibre/FGV, a necessidade de ajuste entre salário e produtividade já era clara em meses passados.

Os setores de varejo e serviços, no entanto, são os mais sensíveis no curto prazo, apontam analistas. “Já não conseguiremos absorver boa parte do 1 milhão, 1,5 milhão de pessoas que entram no mercado de trabalho. Não acho que começaremos a desempregar, mas essa menor capacidade de absorção certamente gerará um aumento da taxa de desemprego”, ressalta o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomércioSP), Fábio Pina.

Ele defende que a política de ganho de produtividade seja mais direcionada ao setor de serviços, que responde por 65% do Produto Interno Bruto (PIB), do que à indústria.

O nível de emprego em atividades industriais sujeitas à concorrência externa como têxtil, couro e calçados e máquinas e equipamentos é o que tende a se deteriorar mais

Mesmo que a desocupação em 2013, mantenha-se em níveis próximos à de 2012, de 5,5%, há indicação de que o cenário por trás dos números não são tão favoráveis

 Fonte: Brasil Econômico