A cada hora, 5 casos de violência contra crianças são registrados no país

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04/06/2018

 

Todos os dias crianças são vítimas de agressão física e psicológica no mundo. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), estimam que 2 milhões de crianças foram mortas em conflitos nas duas últimas décadas e 10 milhões de crianças refugiaram-se através da Agência das Nações Unidas para refugiados.

O Dia Internacional das Crianças Vítimas Inocentes da Violência e da Agressão foi criado pela ONU em 1982. Longe de ser uma data de celebração, o dia 4 de junho é uma data de protesto, luto e reflexão. A data relembra todas as vítimas infantis de afogamento, envenenamento, espancamento, queimadura, trabalho infantil e abuso sexual, mas também chama a atenção para a necessidade de proteção e de educação das crianças.

O Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), coordenado pela pediatra Rachel Niskier, destaca reflexões sobre todas as manifestações de violências infantojuvenis. Dentre elas, as violências física e psicológica, e de acordo com dados da Fundação das Nações Unidas para a Infância (Unicef), as estatísticas apontam um cenário desolador em relação à violência contra crianças e adolescentes no Brasil. A cada dia, em média 129 casos de violência psicológica e física, incluindo a sexual, e negligência são reportados ao Disque Denúncia 100. Isso quer dizer que, a cada hora, cinco casos de violência contra meninas e meninos são registrados no País. Esse quadro pode ser ainda mais grave se levado em consideração que muitos desses crimes nunca chegam a ser denunciados.

A pediatra do IFF Marlene Roque Assumpção, em entrevista à Agência Brasil, fez uma reflexão sobre o tema e ressaltou que a violência intrafamiliar acaba por se constituir como uma forma de comunicação e de relação que contamina todos os membros da família, manifestando-se por meio de atos de violência física, psicológica, sexual ou de negligência. Para a pediatra, segundo alguns estudos, essa violência está ligada à própria estrutura social, patriarcal, que coloca sobre a mãe a carga quase exclusiva da educação e cuidado com os filhos, gerando para a mulher um alto nível de responsabilidade no cumprimento de duplas ou triplas jornadas de trabalho.

Os estudos apontam ainda que a figura materna é a principal autora das agressões contra crianças, dessa forma, essa mulher precisa ser cuidada e amparada, a fim de transformar esse cuidado a sua rede familiar. Para Marlene, esse fato é fundamental para uma educação positiva e sem violência. Ela disse também que o melhor caminho para obter bons resultados na criação dos filhos é o diálogo. “É mais eficaz explicar, dialogar com a criança e falar sobre as consequências dos seus atos do que puni-la com agressão física.  A criança não nasce sabendo as regras, ela precisa que alguém explique o que se deve ou não fazer”, afirmou.

Conforme a ONU garantir um ambiente seguro para o crescimento das crianças é um dever dos pais, famílias, comunidades locais, professores, educadores, governantes e população em geral.

*Com informações da Agência Brasil