Crise chega ao comércio

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01/08/2013

As incertezas que rodeiam a economia do país influenciaram o consumo das famílias e impactaram o comércio do Distrito Federal. Dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego do Distrito Federal (PED-DF), divulgados ontem, mostram que o setor foi o único que apresentou redução nos postos de trabalho entre maio e junho — menos 6 mil vagas, o equivalente a uma queda de 2,4%. Desde o início deste ano, o segmento mostra enfraquecimento (veja quadro): em abril, houve uma diminuição de 1,2% na oferta de emprego.

“Vivemos, atualmente, uma redução da renda real, e as famílias estão mais cautelosas na hora de comprar. É um período de retração e, por isso, o potencial de consumo caiu, o que influencou o desempenho do comércio”, justificou Juçânio Souza, da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan). A taxa de desemprego, de acordo com o estudo, permaneceu estável no mês passado, com 12,1% da população brasiliense desocupada, redução de apenas 1 ponto percentual.

A pesquisa, entretanto, mostrou recuperação na construção civil. Em maio, o setor registrou queda de -2,5% no número de empregados (menos 2 mil vagas) em relação ao mês anterior. Já em junho, foram 4 mil novos postos de trabalho, alta de 5,1%. A indústria de transformação apresentou melhor resultado, com escalada de 9,3% no período, ou 4 mil vagas a mais.

Embora o emprego doméstico também tenha crescido entre maio e junho, com mais 2 mil vagas (+2,6%), nos últimos 12 meses, houve queda de 12,4%, menos 11 mil postos de trabalho no DF. “Existiu muita especulação em torno da nova lei que amplia os direitos das empregadas domésticas, de que a ocupação na área seria reduzida. A meu ver, antes, elas migravam para outras áreas em busca de melhores condições de trabalho, mas a norma garantiu mais segurança”, afirmou Adalgisa Amaral, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

 O presidente da Codeplan, Júlio Miragaya, entretanto, entende que ainda é cedo para apontar tendências no mercado. “Parece mais uma acomodação do que uma recuperação do setor, mas é preciso esperar mais para dizer qualquer coisa. A dinâmica, independentemente da nova regra, já era por conta da maior escolarização da população”, ponderou.

 Perda

 O salário médio real dos trabalhadores brasilienses teve queda em quase todos os setores na comparação entre abril e maio, último mês analisado. No total, a diminuição atingiu quase 2%, com R$ 2.247. Nos últimos 12 meses, a perda foi de 5,3%. Apenas os autônomos tiveram alta nos rendimentos, de 3,3% — os profissionais percebem, em média, R$ 1.418. A renda real é o quanto o brasiliense ganha comparado à inflação. “Embora o governo anuncie que pretende fechar o ano dentro das metas, ainda há incertezas em relação ao tema. Ainda assim, a alta dos preços é evidente”, salientou o economista do Dieese, Max Leno.

 Fonte: Correio Braziliense