Educação e Trabalho

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20/08/2013

A competitividade de uma empresa está diretamente ligada à sua produtividade. Assim também é com os países, e nesse ponto o Brasil demonstra um obstáculo persistente ao desenvolvimento sustentável com melhoria da qualidade de vida: para a riqueza gerada por um trabalhador norte-americano, é necessário o esforço de cinco brasileiros. A diferença pode estar em parte na burocracia, na infraestrutura e em variados aspectos que nos atrapalham evoluir no caminho produtivo. Mas o consenso inescapável é que o problema reside na educação, e em um de seus desdobramentos mais importantes, o aprimoramento tecnológico.

Com base no pressuposto de que é urgente educar melhor para ganhar eficiência, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lidera o movimento Educação para o Mundo do Trabalho. O movimento tem como objetivo reunir os empresários, o governo e outros atores sociais para tirar os jovens das ruas e tornar mais atrativos, para eles, o aprendizado escolar. Se no mundo inteiro o desemprego juvenil preocupa, como alertou há poucos dias a Organização Internacional do Trabalho (OIT), no Brasil é um desafio que não pode ser postergado, seja pelas políticas públicas de inclusão, seja pela iniciativa privada que se enxerga como retardatária no circuito produtivo global. Há no País 2,2 milhões de jovens entre 18 e 24 anos fora da escola e do mercado de trabalho. Além disso, o nível de escolaridade dos trabalhadores é um dado revelador: hoje 5,6 milhões de empregados na indústria nacional não possuem sequer o ensino médio.

Com o intuito de mudar de uma vez esse quadro, sugestões estão sendo discutidas nos estados para a criação de uma agenda profissionalizante no âmbito do movimento, em setembro. Entre as propostas debatidas em Pernambuco, com a participação de reitores universitários, representantes de governos e empresários, figurou o fortalecimento dos ensinos básico e médio, com a valorização dos professores e a adoção de iniciativas para a melhoria substancial da gestão escolar.

Em 2011, o governo Dilma lançou o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego(Pronatec), visando abrir 8 milhões de vagas até 2014. É provável que a meta não seja cumprida. De acordo com pesquisa realizada naquele mesmo ano pela CNI, aproximadamente 70% das empresas no Brasil sofrem dificuldades decorrentes da má qualificação profissional. E apesar de a maioria oferecer treinamento na própria empresa, para contornar o atraso, a deficiência na qualidade do ensino básico foi apontada como elemento limitante para a capacitação. Em muitos casos, é necessário retomar estágios fundamentais para auxiliar o aluno a alcançar o nível técnico desejado.

Os números da primeira edição do Sistema de Seleção Unificada da Educação Profissional e Tecnológica (Sisutec), aberto este mês pelo governo federal, são indicadores da demanda a ser ocupada: em uma semana, mais de 383 mil candidatos se inscreveram, para disputar as 239.792 vagas ofertadas.

Fonte: Jornal do Commercio