Salário sobe 9,5%, mas em 2014, só INPC

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12/07/2013

As empresas dos setores de restaurantes, bares e hotéis e o sindicato trabalhista da categoria (Sinthoresp) chegaram a um acordo referente ao dissídio coletivo. O reajuste salarial será de 9,5%, sendo 7,5% de INPC mais 2% de aumento real, respeitando-se o teto de R$ 5.663, informou a Associação Nacional do Restaurantes (ANR), que reúne redes como McDonald’s, Bob’s, Pizza Hut, Giraffas, Outback e Rei do Mate.

Foi acertado que em 2014 não haverá aumento real nos salários. Será aplicado apenas o INPC, sem negociação coletiva. O acordo fechado nesta semana terá vigência de dois anos. A convenção coletiva tem a data-base em 1º de julho. Foi eliminada a cláusula que concede aviso prévio em dobro e houve adaptação daquela que prevê o pagamento de indenização por antiguidade. “Os empregados admitidos a partir de 1º de julho de 2013, quando vierem a ser desligados, não farão jus a qualquer indenização por antiguidade”, diz o acordo.

Para o presidente da ANR, Cristiano Melles, o peso da folha de funcionários no faturamento dos restaurantes, entre 22% e 25%, “aumenta, caso não haja nenhum aumento [de preços] de cardápio”.

Mas impor novos aumentos de preços ao consumidor, que tem se mostrado retraído – a queda no faturamento de restaurantes no primeiro semestre supera 10% -, não é algo fácil de praticar. Restaurantes ouvidos pelo Valor estudam reduzir ou já estão enxugando a folha de funcionários.

Com esse cenário de desaceleração da economia e custos crescentes, Melles prevê “um processo de consolidação entre empresas do setor, com uma grande possibilidade de começar neste ano”. Ele observa que “neste mercado formado por pequenas e médias empresas, passa a ser fundamental ganhar peso e escala na negociação com fornecedores e custo de ocupação [aluguel], além da oportunidade no ganho de produtividade no salão e cozinha.”

Um movimento de fusões e aquisições no setor de restaurantes poderia criar grupos maiores, de capital aberto, algo comum em economias maduras como Estados Unidos, diz Melles.

O setor de restaurantes e bares emprega cerca de 6 milhões de pessoas (sendo 20% no Estado de São Paulo), equivalente a 8% da força de trabalho no país. O faturamento anual do setor é estimado em R$ 65 bilhões, o que representa 1,45% do Produto Interno Bruto (PIB). Se for considerada toda a cadeia, incluindo o atacado que abastece bares e restaurantes, esse mercado é estimado em R$ 182 bilhões, ou 4,06% do PIB.

Fonte: Valor Econômico