No cenário do 2º semestre, demissões

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22/07/2013

As fabricantes de eletrodomésticos e eletroeletrônicos tiveram um primeiro semestre difícil e a perspectiva para a segunda metade do ano não é animadora. Na Zona Franca de Manaus, importante polo de produção do setor, as companhias projetaram uma demanda que não apareceu. O estoque nas fábricas aumentou e o que foi vendido, saiu por um preço menor. Nesse cenário, algumas companhias optaram por cortar pessoal. A indústria começou a ensaiar uma recuperação em julho, mas a perspectiva para o segundo semestre não é boa e a política de enxugar a folha está mantida para os próximos meses.

O clima pouco animador do setor de eletroeletrônicos vai em linha com a Sondagem Industrial, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na sexta-feira. A CNI informa que cresceu a insatisfação em relação a margens de lucro e situação financeira das empresas. “Os empresários não estão muito otimistas com relação à contratação de trabalhadores”, diz o documento.

“Ninguém está contratando. E demissões não estão descartadas para o segundo semestre”, diz um executivo do setor. “No momento, os cortes são pontuais, em um ou outro turno. Quando a perspectiva é boa, você tira operário de uma linha, de TV, por exemplo, e coloca em uma de smartphone. Mas isso não está acontecendo”, diz a fonte.

No caso de televisão LCD, por exemplo, a receita média por unidade vendida nos cinco primeiros meses do ano apresenta queda de 4,26%. O valor médio de cada televisão saiu por R$ 998 em 2013, ante R$ 1043 em 2012. Os valores consideram a inflação (IPCA) do período. Entre janeiro e maio de 2013, a produção da TV LCD caiu 3,3% e o estoque da indústria registrou 25 mil unidades. No mesmo período do ano passado, o estoque da TV LCD ficou negativo em 30 mil unidades.

Ou seja, nos cinco primeiros meses de 2013, a indústria produziu menos, vendeu TV LCD por um preço menor e ainda arcou com os custos relativos aos estoques, a despeito de qualquer tipo de sazonalidade relacionada às vendas. Os dados são da Suframa e foram compilados pelo Valor Data.

As fabricantes de TV estão entre as dez empresas que mais demitiram metalúrgicos na Zona Franca de Manaus no primeiro semestre deste ano: Samsung (647 pessoas), Semp Toshiba (458), Sony (279) e LG (278).

Em geral, as companhias dizem que as demissões estão dentro do padrão. De fato, o total geral de demissões de metalúrgicos na Zona Franca de Manaus no primeiro semestre de 2013 foi de 12.155 – menor do que os 12.787 demitidos no mesmo período do ano passado, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas.

Mas o que preocupa, segundo executivos ouvidos pelo Valor, é que os cortes de pessoal podem aprofundar-se na segunda metade do ano, período que concentra a maior parte das vendas do setor. A conta vai depender da demanda que tiver sido projetada pelas empresas e da capacidade de absorver o aumento dos custos.

Electrolux, Semp Toshiba, Wap e Flextronics informam que demitiram funcionários para se ajustar à demanda. A Semp Toshiba informa que “reestruturou as operações da fábrica da Zona Franca de Manaus para adequar-se à demanda do mercado nacional. As mudanças incluem redimensionamento de equipes e processos”. A Flextronics, fabricante de acessórios para eletroeletrônicos também da região, demitiu 220 pessoas.

O corte de pessoal não foi feito apenas em Manaus. A Electrolux demitiu 286 pessoas em Curitiba no primeiro semestre “para ajustar os níveis de estoque”. A Wap, que vende máquinas para limpeza industrial e doméstica, desligou 20 pessoas, equivalente a 10% de seu quadro, também em Curitiba.

Fonte: Valor Econômico