Região Metropolitana tem menor nível de desemprego do País

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28/11/2013

A Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) registrou em outubro a menor taxa em 21 anos da série da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED). A desocupação ficou em 6,1% e teve reforço da retomada da geração de vagas desde setembro. Serviços puxaram o saldo positivo, com 8 mil postos, enquanto indústria de transformação e comércio fecharam mais vagas do que abriram. Em 12 meses, a PED mostra queda de 12,9% frente a outubro de 2012 (taxa foi de 7%) e de 1,6% em relação a setembro (de 6,2%).

O comportamento do mercado colocou a Região Metropolitana gaúcha na primeira posição entre as seis incluídas na PED, coordenada por Dieese, Fundação de Economia e Estatística (FEE), Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS), prefeitura de Porto Alegre e Ministério do Trabalho. Belo Horizonte teve a segunda menor taxa, 6,9%, mas a média do grupo ficou em 9,8%. Salvador puxa a média para cima, com 17,1%. O desempenho da região gaúcha carimba a boa fase. A Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, que segue outra metodologia, apontou 3% de desocupação no mês passado, a menor da série iniciada em 2002 e das seis regiões avaliadas.

A coordenação do levantamento no Estado projetou que o mercado deve manter o nível de ocupação, com decréscimo das dispensas, até o fechamento do ano e o começo de 2014. A queda da taxa ocorre desde agosto. Uma das supervisoras pela FEE, Ana Paula Sperotto, ressaltou que a menor pressão de candidatos a trabalho também melhora o indicador. Além disso, há a demanda de contratações temporárias até o fim do ano. A População Economicamente Ativa (PEA) somou 1,88 milhão de pessoas, 3 mil a menos do que o contingente do mês anterior. Os ocupados somaram 1,77 milhão de pessoas, mil a menos que setembro, mas 20 mil a mais no confronto com outubro de 2012.

Nos setores de atividade, a indústria cortou 4 mil postos e o comércio e a reparação de veículos, outros 5 mil. Nos 12 meses, apenas serviços, que lideraram a abertura de postos em outubro, teve trajetória negativa de 2 mil vagas. Indústria expandiu 9 mil vagas, comércio, 10 mil, e construção ficou estável. Na forma de contratação, o setor público sustentou a geração, com 8 mil postos, enquanto o ramo privado comprimiu 10 mil postos. No período de 12 meses, as empresas privadas mostraram variação positiva de 50 mil vagas com carteira assinada e corte de 18 mil sem carteira.

Os rendimentos registraram leves correções em setembro (a PED capta os valores referentes ao mês trabalhado), mas com leve recuo na média geral, de 0,1%. As exceções foram indústria, com alta de 1,6%, e serviços, com 2,3%. Em 12 meses, as maiores variações foram de serviços (8,7%) e comércio (7,2%). O setor público teve alta de 4,7%, e a média foi de 4,3%. Mas o serviço público (que inclui desde administrações diretas como estatais e autarquias) lidera no ganho médio, com R$ 2.890,00, seguido por R$ 1.626,00 da indústria, R$ 1.535,00 dos serviços e R$ 1.300,00 do comércio. O rendimento médio ficou em R$ 1.709,00, enquanto o setor privado recebe R$ 1.497,00. Ter ou não carteira assinada faz muita diferença, apontam os coordenadores da PED. A formalização implica rendimento médio mensal de R$ 1.546,00, contrastando com R$ 1.089,00 dos sem carteira, 42% menos.

Ocupação de domésticas passará por investigação mais cuidadosa

O secretário estadual de Trabalho e de Desenvolvimento Social, Luis Augusto Lara, ficou intrigado com o saldo negativo de 3 mil vagas na posição de empregado doméstico em 12 meses. Em outubro, o saldo foi positivo, justamente em 3 mil postos, que considera desde os diaristas a mensalistas. Mas o setor tem menos postos do quem em novembro de 2012 (eram 95 mil trabalhadores) e chegou a 88 mil em março deste ano, associado ao período de votação da PEC das domésticas.

Lara avalia que o suposto esvaziamento do setor tem outro motivo, além da busca por alternativas de trabalho (normalmente associadas à formalização ou a maior profissionalização) e mesmo os cortes feitos no começo do ano ante o impacto da garantia de mais direitos ao segmento.

Isso pode estar ligado ao menor status do emprego, mesmo que hoje tenha vantagens , analisou Lara, que indicou a criação de um sindicato para a categoria como fator para maior organização. O titular da pasta de emprego admitiu erro dos programas de qualificação profissional, como o Pronatec, bancado por recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que não incluiriam cursos para o setor.

A intenção é verificar o perfil de quem está ocupado na categoria, que tem um tratamento diferenciado na metodologia por se tratar de trabalho feito em casa, e o nível de rendimentos. O secretário quer verificar se empregadores estão revendo contratos também por desconhecerem os mecanismos para efetivar a formalização. A partir daí, podemos criar formas de facilitar esse registro.

A supervisora da PED, Ana Paula Sperotto, ponderou que a ocupação sofre um esvaziamento também porque novas gerações buscam outros segmentos e não há perspectivas de ascensão.

Fonte: Jornal do Comércio