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A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher (CMULHER) da Câmara dos Deputados, recebeu nesta terça feira (29/maio), na reunião técnica denominada de “Tribuna das Mulheres”, a convidada Hellen Cristhyan, de 27 anos, estudante de pedagogia do Instituto Federal de Brasília (IFB), ativista feminina e poeta, para apresentar sua reflexão acerca da posição da mulher na sociedade.

Helen Cristhyan, destaca a vigência da crise do patriarcado e da Constituição, na qual, os homens brancos e heterossexuais são considerados os donos do poder e representam a composição social da sociedade brasileira. Apontou que os casos de violência contra à mulher são inúmeros, em janeiro deste ano, 3 (três) mil casos foram registrados no DF. As mulheres ainda têm papel de esposa, situação imposta culturalmente, que só tem respeito se estiverem sobre o julgo de um homem. Critica que esse não deve ser o papel das mulheres, sendo necessário esforços para o respeito à diversidade. Critica o papel imposto pela sociedade de que todas as mulheres são obrigadas a exercer o papel de mãe, no entanto, o Estado não fornece acesso adequado à saúde, por exemplo, nos postos de saúde.

Propõe que os dados oficiais sejam quantificados e qualificados sobre o quesito de violência contra à mulher, a discriminação de gênero, a orientação sexual e a identidade racial para pensar em um monitoramento e uma avaliação efetiva das políticas para as mulheres. Alerta que esses dados não estão sendo publicitados.

Defendeu que as mulheres assumam papeis diversos nas sociedades, sendo necessária a busca constante pela igualdade.

Aberta a palavra ao público presente, constaram as seguintes indagações e contribuições ao debate:

Josianis Lima, representante da Frente das Mulheres Negras do DF e entorto, questionou à convidada sobre como os aspectos culturais contribuem para que este estado de coisas aconteça, como violência contra a mulher, e a necessidade de reafirmação de identidades? Até que ponto a cultura nos coloca no local que ocupamos?

Helen Cristhyan, respondeu afirmando que as identidades são características fundamentais da sociedade. Os aspectos culturais que definem homem e mulher perpetuam por exemplo, a cultura do estupro, como uma espécie de conformação social. O sistema carcerário é um motivador cultural, pois não pensa a prevenção e a educação. Existe um abuso de poder. A internalização de papeis na sociedade reflete uma série de obrigações concebidas por conformações culturais, onde se perpetua a violência contra às mulheres.

Silvania, assessora da deputada Erika Kokay (PT-DF), solicitou informações sobre a Casa Frida.

Helen Cristhyan, explica que a Casa Frida é um ponto de cultura e de acolhimento de mulheres vítimas de violência. Fundada em junho de 2014, foi inspirada na memória da missão de Frida Kahlo, revolucionária e multiartista mexicana, que resgatava a cultura popular do seu povo, e como base as palavras: feminismo, revolução, igualdade, diversidade e amor.

A casa funciona 24 horas por dia, sob os pilares do cuidado e autocuidado. Diversas atividades são desenvolvidas no centro, tais como: oficinas artísticas, participação em conselhos, saraus mensais, remodelação, dentre outras. É uma casa autônoma, mantida com arrecadação mensal na campanha “Todas por Frida”, bazar e produtos vendidos.

Erika Kokay (PT-DF), parabenizou a excelente iniciativa da Comissão no debate para a defesa dos direitos das mulheres, para mostrar as diversas vozes das mulheres. Segundo a parlamentar, os direitos das mulheres devem avançar. Alerta que metade das mulheres são vítimas de um processo de desumanização intenso, como a violência obstétrica, tendo em vista que a sociedade cobra a maternagem sem entender o seu caráter transformador.

 

Relações Institucionais da CNTC.

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