Encontro na Fecosul defende autonomia para mulheres trabalhadoras

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10/08/2012

Silvana Maria da Silva, da Fecosul e da Coordenação de Mulheres da CNTC, fala no encontro

A autonomia econômica e de poder é o que pode dar às mulheres a condição de avançar no rumo da igualdade, este é o resumo do 5º Encontro das Trabalhadoras no Comércio e Serviços do RS, realizado pela Fecosul, nesta quinta-feira (9/8), no auditório da Federação.

A mesa de abertura foi composta pela secretária da Mulher da Fecosul, Silvana Maria da Silva; o presidente em exercício da Fecosul, Rogério Gomes dos Reis; secretário-geral da Fecosul, Paulo Ferreira; a secretária da Mulher da CTB RS, Lenir Fanton; representante da coordenadoria da Mulher da CNTC, Elizabete Madrona e a Secretária de Políticas para as Mulheres do RS, Márcia Santana. Todos fizeram sua saudação e elogiaram a Federação pela atividade.

Márcia Santana, secretária de Políticas Públicas para as Mulheres do RS, disse que mesmo depois de muitas conquistas as mulheres ainda são vulneráveis ao machismo e a violência, tanto em casa como no trabalho. “No comércio, as mulheres são a maioria, no entanto onde estão? Nas gerências? Nas presidências? Ou nas funções menos valorizadas?”, questionou Márcia.

A secretária disse que o governo do Estado tem investido em políticas afirmativas, ampliado os investimentos em infraestrutura para combater a violência contra a mulher, e incentivado a autonomia e a expansão das mulheres nos espaços de poder.

 Mulheres nos espaços de poder foi a palestra ministrada pela secretária do Turismo do Estado, Abgail Pereira. Ela destacou a importância da participação das mulheres na política e consequentemente nos espaço de poder. “As mulheres precisam estar na política para decidir sobre a vida das cidades e os rumos da sociedade. São nas câmaras, nas prefeituras, nas assembleias que decidem sobre nossas vidas. Se vamos ou não ter este ou aquele direito. Se será feito calçamento, instalada uma escola, criada uma creche. Quem não gosta de política tem sua vida definida por outras pessoas”, esclareceu Abgail.

“Mas não basta ser mulher. É preciso ter lado. É preciso saber para quem governa. A presidente Dilma além de dar visibilidade para nós mulheres no cargo mais importante do país, também deixa bem claro que faz recorte de gênero ao criar o programa minha casa, minha vida e estabelecer que a casa ficará no nome das mulheres. Isso é política para as mulheres que compõe, hoje, grande percentual de chefes de famílias”, completou a secretária e militante.

Na sequência, a economista do Dieese, Daniela Sandi, apresentou o perfil da mulher trabalhadora no comércio e no serviço do Rio Grande do Sul, mostrando que as mulheres ainda ganham cerca de 70% do salário dos homens. Embora elas tenham maior escolaridade. A pesquisa também que a maioria das comerciárias estão abaixo dos 30 anos, e mais são mães.

Na parte da tarde o tema foi Violência contra a Mulher e Lei Maria da Penha, com a exposição da ex-juíza do Tribunal de Justiça, Maria Berenice Dias. Ela falou das inúmeras formas de violência contra a mulher, mas também da violência em geral contra as crianças, contra os homossexuais. “A falta de reconhecimento pela sociedade, pelo estado, pela justiça, das novas formas de constituição da família já são violências do nosso dia a dia”, observou ela. “As famílias se comportam de maneira diferente, se constituem de forma diferente, mas as leis não mudaram. Ainda estão arraigados muitos preceitos religiosos que só valem para penalizar a mulher. É preciso mudar a forma de entender, é preciso reaprender a ver a sociedade como ela se comporta, é preciso haver mais participação da mulher e do homem na família, tanto nas famílias ditas tradicionais como nas novas formulações como a homoafetivas”, destacou Maria Berenice.

“A Lei Maria da Penha prevê muitas destas questões que até então não eram citadas em outras legislações. Esta lei deu visibilidade à violência doméstica mas ainda é preciso aparelhar e fortalecer os instrumentos de combate a esta Lei”, observou a ex-juíza e militante da causa.

A secretária da Mulher da Fecosul e organizadora do evento, Silvana Maria da Silva, declarou que o encontro foi mais um avanço na luta pela igualdade de gênero. “A forma como foi abordado o tema da Autonomia e Igualdade pelas palestrantes foi de muita qualidade. E a participação dos companheiros no nosso encontro demonstrou que estamos avançando na discussão da eqüidade de gênero, e que mulheres e homens devem estar juntos nessa luta. Saímos fortalecidos nas idéias, e com propostas que poderão fazer a diferença porque “Lugar de Mulher é em todo Lugar”, afirmou a secretária.

Para a representante da coordenadoria da mulher da CNTC, Elizabete Madrona, este tipo de encontro dissemina o trabalho das mulheres relativo a questões de gênero. “A mulher não quer só competir, mas também agregar força de trabalho. Todos têm capacidade física e mental para desenvolver de modo geral, então não pode haver discriminação da mulher para com o homem e nem do homem para com a mulher”, defendeu Elizabete.

Conforme a secretária-geral do Sindicomerciários de Caxias do Sul, Ivanir Perrone, o encontro foi muito positivo. “Foi muito bom, principalmente pelo tema abordado e pelos palestrantes que aqui estiveram. A participação dos homens também foi positiva para reforçar a luta das mulheres pela igualdade de direitos”, declarou.

No encerramento do encontro foi feita a leitura do documento “Autonomia e Igualdade para as Mulheres” que traz algumas plataformas pela igualdade de gênero e autonomia para as mulheres nos espaços de poder e decisão que será entregue ás autoridades do governo e a candidatos a prefeito e vereadores dos municípios.

Assessoria de Comunicação Fecosul – Márcia Carvalho e Marina Pinheiro