70% das famílias do DF devem R$ 14,1 bilhões

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17/07/2013

São mais de 582 mil lares com algum tipo de conta a pagar. A capital do país só fica atrás de São PauLo e do Rio de Janeiro. Os analistas temem que, num quadra de aumento do desemprego, inflação alta e custo maior dos empréstimos, o calote dispare

A cidade com mais famílias endividadas no Brasil. São 582.601, com débitos totais de R$ 14,1 bilhões. Isso quer dizer que 70% dos lares brasi-lienses têm alguma conta a pagar, que comprometem, em média, 33% da renda, conforme estudo conforme estudo divulgado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo (Fecomercio-SP). Brasília só fica atrás de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Os indicadores de endividamento do Distrito Federal estão acima da média nacional. O estudo aponta que 59% das famílias brasileiras têm débitos e estão com 30% do orçamento comprometido para pagar esses compromissos, que vão dos gastos com cartão de crédito a financiamentos de automóveis. Na avaliação de Altamiro Carvalho, assessor técnico da Fe-comércio-SP, os dados são um retrato da distribuição de renda do país. Onde o dinheiro mais circula, maior é a disposição para dívidas. “No Sudeste e no Centro-Oeste, onde as famílias têm renda maior, há mais famílias endividas. No Nordeste e no Norte, o percentual é menor”, comentou.

A boa notícia, no entender do especialistas, é que ainda não há sinais de descontrole entre as famílias, apesar de a inadimplência resistir próxima dos 8%. “Os brasileiros são conversadores na hora de ir àscompras, pois temem comprometer o orçamento. Por isso, as taxas de inadimplência estão sob controle”, assinalou. Mas é preciso ficar em alerta. Com a economia crescendo pouco, a inflação alta, os juros subindo e o desemprego subindo, o quadro pode se deteriorar rapidamente.

“Os juros maiores e a inflação no teto da meta, de 6,5%, formam uma combinação ruim para quem deve”, disse Carvalho.

Isso vale para as pessoas físicas e para as empresas. “Se os negócios diminuem, as companhias faturam menos, demitem funcionários, que não poderão honrar seus compromissos”, completou. É a possibilidade desse quadro se confirmar o que anda tirando o sono do governo e do empresariado.

Descuidos

Para o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) José Matias-Pereira, os brasileiros precisam analisar os dados econômicos com cautela. Ele detalhou que, mesmo sob controle, os níveis de endividamento vêm subindo anualmente. Por isso, as famílias precisam se atentar ao pensar em fazer qualquer gasto desnecessário. “Antes de comprometer a renda, as pessoas devem planejar o orçamento para não se surpreenderem com qualquer contratempo”, destacou. “Temos uma economia com crescimento abaixo do necessário e inflação em alta. Um quadro sombrio, de tempestade, que pode resultar em aumento do desemprego. As famílias não podem se endividar apenas para consumir.”

O taxista Alison Almeida, 35 anos, está sentindo na pele o peso das dívidas. Ele precisou usar cartão de crédito para consertar o carro após um acidente de trânsito. Como nem ele nem o outro motorista tinham seguro, teve de gastar R$ 7 mil. “Consegui dividir as peças em três vezes, o mecânico em duas, mas faltou dinheiro”, contou. Com o veículo parado durante cinco meses, retomou o trabalho apenas no início do mês, com uma fatura pendente de R$ 3 mil. “Quero saldar a dívida com o banco ainda neste mês. Não sei se será possível, mas vou tentar, porque os juros são muito altos. O problema é que a praça não está boa. Estamos em período de férias, a procura por táxi caiu bastante”, afirmou.

 Fonte: Correio Braziliense