Cursos para se qualificar não atraem os jovens

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02/08/2013

BAIXA PROCURA De 60 mil vagas no Rio Grande do Sul no ano passado, cerca de 20 mil não foram aproveitadas Mesmo com a taxa de desemprego praticamente estável na Grande Porto Alegre, tem sido difícil para o jovem entre 16 e 24 anos ingressar e engrenar no mercado de trabalho. Apesar de amargarem ampla fatia da desocupação em junho, representavam 41,3% dos 125 mil sem trabalho , deixam de preencher vagas gratuitas de qualificação oferecidas pelo governo. Das 60 mil oportunidades de 2012, cerca de 20 mil não foram concluídas.

Este ano, foram abertas mais 112 mil chances para cursos do Plano Estadual de Qualificação Profissional no Rio Grande do Sul, sendo 5 mil destinadas apenas para quem tem entre 18 e 29 anos, no ProJovem. As principais foram em administração, turismo e telemática. Outros dois cursos, de vestuário e alimentação, também tiveram grande oferta, porém baixíssima procura. Apesar de ter bolsa-auxílio de até R$ 600, ainda restam 488 oportunidades, a maioria em Porto Alegre.

Incompatibilidade de oferta de cursos e demanda de vagas, desconhecimento dos programas sociais e insegurança sobre o caminho profissional a seguir ajudam a explicar o cenário. O impacto é sentido na distribuição das 1,8 mil vagas oferecidas na Região Metropolitana pelo Sistema Nacional de Emprego (Sine), onde procurava-se em primeiro lugar auxiliar de cozinha e pedreiro. No Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), outro projeto que inclui jovens, cursos de auxiliar administrativo e operador de computador despontam na quantidade de oferta.

Júlio Neto, presidente da Associação de Desenvolvimento Econômico, Social e Cultural (organização responsável pelo gerenciamento das vagas do Projovem), critica a política de emprego do Ministério do Trabalho. Para Neto, investir em qualificação é importante, mas não mais relevante do que aumentar incentivos a empresas: Mesmo com formação, dificilmente o jovem irá participar de seleção sem experiência. Uma reforma trabalhista é urgente, reduzindo a carga tributária para o primeiro emprego.

Indefinição profissional eleva o desemprego

Uma das razões para a dificuldade em ter a carteira assinada para pessoas com menos de 24 anos, segundo o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Giácomo Balbinotto Neto, é a incerteza das empresas com relação à produtividade nesta faixa etária: É comum que os jovens estejam desempregados porque buscam definição profissional. Para ajudar, seriam mais eficientes cursos de formação geral, que permitam a eles encontrar emprego em qualquer atividade, como cursos de informática, de língua portuguesa, inglês e espanhol.

Segundo o secretário estadual do Trabalho e do Desenvolvimento Social, Luís Augusto Lara, preencher as vagas é um desafio, mas há uma solução: Buscar os jovens em casa.

Fonte: Zero Hora