Desemprego vai continuar subindo

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23/08/2013

Após dez anos de uma trajetória quase contínua de queda na taxa de desemprego, a piora desse indicador pode ser mais uma notícia ruim para a economia brasileira. O número de julho, que indicou um desemprego menor que o esperado, não muda a história: o resultado é pontual e não altera a dinâmica já em curso de esfriamento gradual do mercado de trabalho.

A razão para a piora está no fato de a economia brasileira continuar se ajustando, após o crescimento excessivo observado nos últimos anos. A estabilidade de regras e o choque favorável dos termos de troca registrados a partir de 2002 produziram um ciclo econômico marcado pela euforia, com expressiva melhora da confiança, forte avanço do crédito e aumento do consumo e do investimento.

Esta euforia pode ter feito com que a taxa de desemprego operasse abaixo de seu equilíbrio. O aumento dos salários reais acima da produtividade e a persistência de taxas elevadas de inflação são sinais que confirmam esta leitura.

Associado ao fato de a taxa de desemprego estar abaixo de seu equilíbrio, a piora das condições locais de crescimento torna provável o enfraquecimento do mercado de trabalho.

Não menos importante, o menor crescimento populacional deve influenciar pouco a dinâmica do mercado de trabalho. Ainda não há restrições significativas na oferta de mão de obra, uma vez que a população economicamente ativa tem aumentado. Mesmo no longo prazo, o menor ritmo de crescimento populacional reduz a capacidade de crescimento da economia e, deste modo, a demanda por trabalho, elevando o desemprego.

Nesse caso, a idéia de que a falta de mão de obra gerada por mudanças demográficas mantém o mercado de trabalho pressionado pode ser falsa. A taxa de desemprego reage mais às condições de procura por trabalhadores que a eventuais restrições de oferta de mão de obra. Por último, o aumento do desemprego não é necessariamente uma má notícia. Um movimento gradual e moderado tende a corrigir distorções importantes, reduzindo pressões de custos das empresas e contribuindo para a queda da inflação. Com um mercado de trabalho equilibrado, o Brasil se prepara para um novo ciclo de crescimento.

Fonte: O Estado de São Paulo