CONEXÃO – CNTC 07 de agosto de 2023

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⚠️ CPI DA AMERICANAS: AUDITORIAS NEGAM CONLUIO EM FRAUDES BILIONÁRIAS

Na primeira sessão da CPI da Americanas após a retomada dos trabalhos do Congresso Nacional, os representantes das empresas de auditoria KPMG e PwC rebateram a versão do atual CEO da varejista, Leonardo Coelho Pereira, que levantou a possibilidade de que pode ter havido um conluio entre os auditores e a antiga diretoria da empresa. KPMG e PwC prestaram serviços à Americanas e não detectaram um rombo contábil bilionário nos balanços da varejista, que veio à tona no início deste ano. Recentemente, a nova direção da empresa passou a se referir ao episódio como “fraude”. “Em se confirmando a falsificação de documentos, a omissão deliberada no registro de operações, a prestação intencional de falsas representações aos auditores e o conluio de pessoas de diversas áreas da companhia, estará caracterizada uma fraude de gestão de difícil detecção, baseada em má conduta flagrante e intencional por parte da administração, incluindo [as áreas] comercial, financeira, tesouraria e contábil, com participação de, pelo menos, sete diretores executivos e dezenas de pessoas”, explicou.

✅ DEFICIÊNCIAS

Aos integrantes da CPI, a sócia da KPMG, Carla Bellangero, afirmou que foram identificadas deficiências em controles internos da Americanas e que isso teria sido reportado aos órgãos administrativos, como comitês de auditoria, fiscal e a própria diretoria. Segundo Bellangero, as deficiências não foram consideradas significativas naquele momento. “Eu estive em 50 reuniões com o Conselho Fiscal e o Comitê de Auditoria da B2W. Foram reuniões de 2016 a 2019. O CEO era o membro do conselho de administração da Americanas na época e foram informados de deficiências em controles internos”, disse Bellangero. Representante da PwC, Fábio Cajazera Mendes, também rebateu as afirmações do CEO da Americanas à CPI e negou que as empresas de auditorias tivessem alterado informações das cartas de recomendação para encobrir a suposta fraude. De acordo com Mendes, as informações de Coelho foram tiradas de contexto durante seu depoimento à comissão. Bellangero e Mendes compareceram à CPI na condição de testemunhas – para fornecer informações sobre a suposta fraude em contratos e balanços financeiros da Americanas.

✅ PAPÉIS

No mesmo dia do depoimento dos representantes da KPMG e da PwC à CPI, o Instituto de Auditoria Independente do Brasil (Ibracon) divulgou uma nota na qual afirma que as empresas de auditoria não têm condições técnicas de identificar supostas fraudes em balanços financeiros. Segundo a Ibracon, a função de uma auditoria independente é checar números e documentos apresentados pela empresa auditada e dizer se as demonstrações contábeis foram feitas adequadamente pela administração, seguindo as normas de contabilidade e refletindo a realidade financeira e patrimonial em um determinado período. “No debate sobre fraudes contábeis de uma empresa, deve-se esclarecer os papéis de cada parte envolvida”, diz a nota. E completa: “Por lei, os conselheiros devem fiscalizar a gestão dos diretores, examinar livros e papéis da companhia, solicitar informações sobre contratos e quaisquer outros atos. Também escolhem ou destituem a auditoria independente”.

✅ O QUE DIZ A AMERICANAS

Em nota divulgada na quarta-feira,2, a Americanas afirmou que os depoimentos de representantes das auditorias KPMG e PwC na CPI da Câmara dos Deputados, terça, 1º, corroboram evidências de fraude cometida pela antiga diretoria da companhia. Segundo a rede, as informações prestadas na terça “demonstram que as auditorias não classificaram deficiências como significativas e que não encontraram distorções relevantes nos números auditados”.

✅ SILÊNCIO

Amparado por habeas-corpus, o ex-diretor financeiro e de relações com investidores da Americanas, Fábio da Silva Abrate, decidiu ficar em silêncio durante depoimento na CPI. Ele é apontado pela atual diretoria como um dos responsáveis pelo rombo, que hoje ultrapassa R$ 40 bilhões. Abrate entrou na Americanas como estagiário em 2003 e acabou demitido em fevereiro deste ano. Aos deputados, ele disse ter convicção na inocência. “Essas acusações foram feitas de forma genérica, baseadas em fatos fora de contexto e em documentos aos quais sequer tivemos acesso até este momento, o que me impede de saber do que estou sendo exatamente acusado e de me defender de maneira adequada”, afirmou. O ex-diretor executivo da Americanas Miguel Gutierrez também deveria depor, mas alegou problemas de saúde, informou que está fora do Brasil e solicitou novo agendamento à CPI.

📎 CURTA

O Ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, suspendeu, mais uma vez, os procedimentos de análise e as publicações relativas a processos de registro sindical. De acordo com a Portaria Nº 2968 publicada nesta quinta-feira, 3, no Diário Oficial da União (DOU), os procedimentos permanecem suspensos até 4 de outubro deste ano.

Luiz Carlos Motta
Presidente

cntc.com.br