Brasil chega à terceira idade

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01/11/2012
A população brasileira chegou a 195,2 milhões de habitantes em 2011, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Até 2050, pelo menos 30% dos brasileiros terão 60 anos ou mais. E a expectativa de vida alcançará 81 anos, conforme o estudo “Projeções da população do Brasil por sexo e idade: 1980-2050”, também do IBGE. Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, um país com mais de 7% de idosos já está envelhecido; ora, o Brasil conta hoje com uma população idosa de 12,1% do total de brasileiros.
A pesquisa internacional de saúde Bupa Health Pulse 2010 revela o surgimento de uma geração que ainda se sente jovem e saudável aos 70 e 80 anos, mas que não se preocupa em planejar a velhice do ponto de vista econômico e social. No Brasil, 46% dos entrevistados não se preocupam em envelhecer. Além disso, 17% dos entrevistados encaram com bons olhos a terceira idade, o maior índice registrado no mundo todo. Porém, 64% dos brasileiros não se preparam para a velhice, em termos de reservar dinheiro ou de pensar em como ser assistido no caso de não poder cuidar de si próprio. Mais da metade (53%) nem sequer começou a pensar nela, enquanto a maioria deixa completamente de se preparar para as realidades do futuro. Apenas 7% reservaram algum dinheiro e 76% acreditam que a família estará lá para dividir o ônus de cuidar deles.
Não bastasse isso, a sociedade também não se prepara para lidar com este contingente de pessoas que cresce a cada dia, porque continua cultuando a imagem de ser um país de jovens, quando isso já não é mais realidade.  E, por insistir no culto a essa imagem juvenil, a sociedade não se dá conta do envelhecimento da população e, consequentemente, não toma providências para trabalhar com essa realidade. Viver em uma sociedade com muito mais idosos do que criança requer um planejamento intenso e as políticas públicas não têm acompanhado esta realidade que se consolida.
Não são tarefas fáceis e nem rápidas, visto que envelhecer bem é um empreendimento de longo prazo, tanto no âmbito individual como no âmbito da sociedade. Políticas favoráveis a uma velhice saudável devem priorizar a infância e a juventude, não só porque é preciso prepará-las para a velhice, mas porque, em qualquer sociedade, são os mais jovens que garantem a boa qualidade de vida dos idosos. Enquanto isso é preciso dar conta das necessidades dos idosos de hoje que devem ser vistos como cidadãos investidos do pleno direito a uma vida digna.
Helena Ribeiro da Silva
Presidenta do Sindicato dos Empregados de Agentes Autônomos no Comércio (Seaac) de Americana e Região.