Painel Econômico

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O boletim semanal do Comerciário

Tabela

Segunda-feira (14/03)

Boletim Focus: IPCA acima do teto de inflação e retração de 3,54% do PIB em 2016

O mercado decidiu revisar sua posição sobre os principais indicadores da economia nacional. Segundo o Relatório de Mercado – Focus, divulgado pelo Banco Central do Brasil, a expectativa é que ocorra redução na inflação ainda neste ano. Há uma semana os especialistas consultados pela autoridade monetária indicavam para o IPCA em 7,59%, contudo hoje a expectativa é de que o indicador reduza para 7,46% até o final de 2016. O IGP-M, principal índice utilizado para reajustar contratos de aluguel, reduziu 0,2 p.p. (de 7,97% para 7,77%) ante a última semana.

Caso o cenário esperado pelos especialistas se confirme, será o segundo ano consecutivo a superar o teto da meta de inflação, estabelecido em 6,5%. No ano passado, o IPCA assinalou para inflação de 10,67%.

O grupo de analistas que mais acertou as projeções conhecido por Top 5 estimou o IPCA e o IGP-M em 7,69% e 8,29%, respectivamente. Se grande parte dos analistas de mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic no patamar atual, o Top 5 projeta a Selic a 14% a.a.

Por outro lado, o pessimismo sobre o desempenho da economia brasileira continua presente entre os analistas de mercado. No último mês o relatório apontava a expecativa de retração do Produto Interno Bruto brasileiro em 3,33%. Hoje a perspectiva é de que o PIB registre encolhimento de 3,54% em 2016.

Lojas Americanas deve limitar seus investimentos em 2016

Apesar do plano de expansão de 800 unidades entre 2015 e 2019, a varejista pretende realizar investimentos criteriosos neste ano. Para este ano está programado a inauguração de 140 lojas. Segundo o diretor de relações com investidor da Lojas Americanas, Murilo Corrêa, a estratégia é limitar os investimentos dentro do patamar observado no ano de 2015 e afirma o objetivo de “fazer mais com o mesmo”. No último ano, a Lojas Americanas investiu R$ 677 milhões contra R$ 671 milhões de 2014.

De acordo com o Relatório da Administração, a Lojas Americanas S.A. (BOVESPA: LAME3; LAME4) finalizou 2015 com 1.044 lojas e a receita líquida da controladora atingiu R$ 9,7 bilhões (crescimento de 11,5% em relação ao ano imediatamente anterior). Já a receita líquida “mesmas lojas”, que compara o resultado das lojas já existentes em 2014, o crescimento foi de 8,8%. O lucro líquido consolidado alcançou R$ 250,2 milhões.

As despesas com salários e encargos trabalhistas corresponderam a R$ 138 milhões em valores nominais. A Lojas Americanas S.A. controla as empresas Lojas Americanas, Americanas Express, Americanas.com, Submarino.com, Shoptime e Sou Barato.

Cotação do barril de petróleo em queda nesta segunda-feira

O excesso de oferta de petróleo no mundo vem contribuindo para a queda na cotação da commodity. Recentemente, os preços do barril de petróleo ganharam força no mercado financeiro diante das especulações sobre um suposto acordo entre a Rússia, terceiro maior produtor do mundo, e a Arábia Saudita, segunda posição na produção mundial. Outro fator a favorecer a elevação dos preços foi o fechamento de um oleoduto na região do Curdistão iraquiano responsável pela produção diária de 600 mil barris.

O mercado voltou a reagir à notícia sobre a improvável intenção do Irã em congelar a produção de petróleo e empurrou a cotação do barril de petróleo Brent abaixo de US$ 40. No final do dia a commodity estava sendo negociada a US$ 39,53 (-2,13%). As ações da Petrobras acompanharam o mercado internacional e recuaram 8,53% cotada a R$ 7,40.

Nota de crédito de Santa Catarina em perspectiva negativa

A agência internacional de classificação de risco, Standard & Poor’s, colocou a nota de crédito do Estado de Santa Catarina em perspectiva negativa. Isso indica que em breve deve acontecer o rebaixamento da nota do Estado de ‘BB’ para ‘BB-’.

A revisão da perspectiva está ligada ao não pagamento da parcela de fevereiro da dívida junto a União. Em fevereiro o Estado efetuou o pagamento de R$ 89 milhões, entrentanto a União contesta a falta de R$ 9 bilhões.

No mês passado a mesma agência rebaixou a nota de crédito em escala global do Estado.

Terça-feira (15/03)

Desemprego cresce e atinge 9% no último trimestre de 2015

Mais de 7 mil trabalhadores por dia tiveram de comunicar aos seus familiares que iriam reduzir os gastos domésticos em 2015. Isso aconteceu porque em apenas um ano foram inseridos mais 2,6 milhões de trabalhadores na condição de desemprego. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad Contínua) a deterioração do mercado de trabalho se prolongou durante todo o ano e, aparentemente, não apresenta sinais de recuo das demissões.

A taxa de desemprego registrada no último trimestre do ano passado foi de 9,0%, superando em 2,5 p.p. a taxa observada no mesmo período de 2014. É a maior taxa registrada pelo IBGE desde o início da série histórica. Sob a ótica regional, o Nordeste (10,5%) apresentou a maior taxa de desocupação entre as regiões pesquisadas e a menor no Sul (5,7%).

Mesmo o contingente de pessoas desocupadas ter se mantido estatisticamente estável na comparação com o terceiro trimestre, o montante de desempregados é preocupante. A população desocupada é composta por 9,1 milhões de pessoas.

O rendimento médio real dos trabalhadores (R$ 1.913) também apresentou redução (-2,0%) em relação ao último trimestre de 2014 (R$ 1.953).

De olho no cenário político: Bovespa cai 3,56%

O mercado financeiro reagiu aos acontecimentos que envolvem a política nacional e os desdobramentos das investigações da operação Lava-Jato. Dessa vez o mercado refletiu negativamente a possível nomeação do ex-presidente Lula. O Ibovespa finalizou o dia em alta volatilidade aos 47.130 pontos (queda de 3,56%). O mercado financeiro reagiu negativamente à nomeação do ex-presidente Lula ao posto de Ministro, o que pode alterar a condução da política econômica.

Os ativos das estatais brasileiras negociadas na Bovespa seguiram o pessimismo no mercado financeiro e afundaram durante o dia. O recorte feito pelos investidores é que uma possível entrada do ex-presidente a equipe do Governo pode prejudicar a gestão dessas empresas. As ações do Banco do Brasil (BBAS3), Petrobras (PETR4) e Cemig (CMIG4) caíram 21,17%, 10,68% e 5,48%, respectivamente.

Quarta-feira (16/03)

Federal Reserve mantém taxa juros

O Banco Central dos EUA, Federal Reserve, decidiu não alterar a taxa de juros pela segunda reunião consecutiva. A taxa de juros norteamericana se encontra na faixa entre 0,25% e 0,50%. Apenas um membro do Comitê de Política Monetária votou pela elevação dos juros para faixa de 0,50% e 0,75%.

Apesar do crescimento moderado da economia americana e o fortalecimento do mercado de trabalho, a decisão foi fundamentada sob o menor ritmo da economia global e dos riscos com a crise econômica mundial.

Fluxo cambial fecha negativo em US$ 803 milhões

O confronto de U$ 841 milhões da saída líquida na conta financeira e a entrada líquida de US$ 38 milhões na conta comercial resultou no fluxo cambial negativo de US$ 853 milhões na semana encerrada no dia 11 deste mês. Entretanto, no ano as entradas líquidas superam as saídas em US$ 7,62 bilhões.

Rumores sobre a saída do atual Presidente do BCB

Boatos sobre uma possível saída do Presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini, começaram a circular na imprensa após o anúncio da entrada de Lula na equipe de Governo. O nome do ex-presidente do BCB, Henrique Meirelles, foi citado como substituto de Tombini.

Meirelles ocupou a cadeira de Presidente da autoridade monetária durante oito anos do Governo Lula. A troca de Tombini por Meirelles pode representar uma “guinada” na política econômica conduzida pelo Governo na tentativa de resgatar a confiança de empresários e trabalhadores, assim como recuperar a economia.

Quinta-feira (17/03)

FMI aconselha o Brasil a reforçar sua base econômica

O Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendou o país a ajustar os gastos públicos, conduzir o país para a meta de inflação e assegurar a responsabilidade fiscal como formas de fortalecer a base econômica. A instituição ainda reconheceu que o país passa por “sérios problemas políticos”.

Sexta-feira (18/03)

IPC-Fipe avança 0,94% na segunda quadrissemana de março

O Índice de Preços ao Consumidor registrou a aceleração de 0,94% nos preços na segunda quadrissemana de março no município de São Paulo, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE). Na primeira quadrissemana deste mês, o indicador apontou para alta de 0,80% da inflação.

As altas nos grupos de Habitação, Alimentação e Despesas Pessoais inseriram 0,76 p.p. ao IPC.

Brasília, 18 de março de 2016.

Renan Bonilha Klein

Analista Econômico

Diretor: José Francisco de Jesus Pantoja Pereira
Gerente de Relações Institucionais: Sheila Tussi da Cunha Barbosa
Analistas de Relações Institucionais:
Renan Bonilha Klein
Tamiris Clóvis de Almeida
Victor Velú Fonseca Zaiden Soares
Assistente Administrativa: Quênia Adriana Camargo
Estagiária: Letícia Tegoni Goedert

 

 

Panorama Econômico

A edição do “Panorama Econômico” visa resgatar os principais fatos da economia brasileira decorridos durante o ano de 2015 e as publicações mais relevantes para o cenário econômico.

Crescimento Econômico

O conjunto das notícias negativas que rondaram o ano de 2015 teve impacto perverso sobre a evolução da atividade econômica do país. Revelações à respeito do caso de corrupção na maior empresa estatal brasileira, prisões de políticos, manifestações favoráveis ao impedimento do mandato da presidente da República e a tsunami de lama que engoliu o Rio Doce causada pelo rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro da Samarco são alguns dos fatores que contribuíram para um ano sombrio.

Entretanto, todos esses acontecimentos não tiveram um efeito tão negativo na economia nacional como a tensão política entre os poderes Legislativo e Executivo. De um lado a presidente Dilma Roussef (PT) colocava em prática medidas para tentar conter o déficit público, por meio de aumento da arrecadação tributária e da redução das despesas públicas, e do outro lado o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), e a oposição manobravam em direção oposta.

A queda de braço na política influenciou ao agravamento da crise econômica no Brasil. Mudanças importantes para reduzir o entrave na economia foram esquecidas assim como a conduta ética pelos membros do atual Governo, de sua base aliada e da oposição colaboraram para intensificar a crise de confiança.

Um dos pilares do sistema capitalista é a confiança. Benjamin Franklin, mais conhecido por suas citações e por estampar a nota de 100 dólares, já dizia que “as menores ações que possam afetar o crédito de um homem devem ser levadas em conta”.

No Brasil a Fundação Getúlio Vargas (FGV) elabora mensalmente índices de confiança para antecipar qual será o provável rumo da economia brasileira. A Sondagem de Expectativas do Consumidor registrou a marca de 75,2 pontos no mês de dezembro, configurando como o menor resultado desde o começo da série histórica do índice. Outros indicadores como o do Comércio, Serviços, Construção e Indústria indicaram também para a queda da confiança dos empresários desses setores. Baixa expectativa na economia corresponde à retração no investimento dos setores e do consumo.

A versão anterior do “Panorama Econômico” apontava como um dos principais desafios para o ano de 2015 a falta de credibilidade do Governo. Apesar da previsão acertada, não era esperado tamanha redução da confiança do investidor sobre o cenário nacional.

Com o intuito de resgatar a credibilidade do país frente aos investidores, Dilma Roussef decidiu nomear para ocupar a principal cadeira do Ministério da Fazenda alguém com experiência no mercado financeiro e na Administração Pública. Eis que no primeiro dia do ano assume um Doutor pela Universidade de Chicago, Joaquim Levy. A imprensa considerou a nomeação como a entrada de um ‘Chicago Boy’ em um Governo de tendências socialistas. Chicago Boy foi o termo utilizado para denominar os economistas responsáveis pela reformulação da política econômica da ditadura do general Augusto Pinochet no Chile. O que caracteriza os ‘Chicago Boys’ é adoção de ideais liberais e por terem estudado na Universidade de Chicago, a mesma frequentada por Levy.

Nos seus primeiros dias como ministro da Fazenda, Levy comunicou ao mercado a sua intenção de reajustar impostos, mas negou que seria um “saco de maldades”. Uma semana depois o Ministro anunciou oficialmente o que formaria o temível ‘saco de maldades’. Dentro do pacote estava um velho conhecido da população, a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), que incide sobre a importação e a comercialização de derivados de petróleo. Como levou 90 dias para a Cide entrar em vigor, o Governo elevou a incidência de PIS/COFINS durante esse período para compensar o tempo em que a Cide não estivesse em vigor. Levy também aproveitou para anunciar o aumento de 1,5% para 3% do IOF.

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* A Arrecadação Total de 2014 e 2015 correspondem aos 11 primeiros meses de cada ano (janeiro a novembro);
Fonte: Tesouro Nacional
Elaboração: CNTC

O Governo acreditava que as medidas iriam incrementar o caixa do Estado em R$ 20 bilhões. Dados do Tesouro Nacional até novembro de 2015 informam que a medida elevou a arrecadação do Governo, em valores correntes, em R$ 7,5 bilhões quando comparado a 2014 (de janeiro a novembro). No final o aumento dos três impostos teve resultado real de R$ 5,25 bilhões em relação à 2014 (janeiro a novembro). Muito inferior ao esperado pelo Governo.

O quadro acima compara a evolução da arrecadação tributária, a valores constantes, entre os anos de 2014 e 2015. É possível notar a queda das receitas do Governo e a pequena contribuição da CIDE e do IOF para a arrecadação.

As elevações de impostos alinhadas à política de reajuste de preços da Petrobrás refletiram diretamente nos preços dos combustíveis. De acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP) no começo do ano o preço médio de revenda da gasolina comum era de R$ 3,03 e no final do ano o preço médio nas bombas de combustíveis chegou a R$ 3,63, aumento de 19,8%. O etanol e o óleo diesel conferiram aumento de 29% e 14%, respectivamente.

Mesmo com a queda expressiva do preço do barril de petróleo Brent, em virtude do aumento da oferta de petróleo no mundo, os preços dos derivados subíram no país. Isso acontece por que os derivados de petróleo estão incluídos nos itens com preços administrados, ou seja, que não dependem das condições de oferta e demanda. No caso da gasolina, diesel e derivados de petróleo os preços são estabelecidos pela Petrobrás.

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Fonte: Tesouro Nacional
Elaboração: CNTC

O Governo também havia anunciado que não realizaria mais repasses a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e que o preço da energia elétrica seria reajustado. No começo do ano passado um artigo publicado pela CNTC já avisava sobre os possíveis efeitos das medidas no bolso dos trabalhadores brasileiros. O artigo “O Governo apresenta seu ‘saco de maldades’” dizia o seguinte:

“E como sempre quem pagará essa conta, advinda da irresponsabilidade do Governo em equilibrar as contas públicas será o trabalhador. Logo após o anúncio do ministro, a Petrobras divulgou uma nota à impressa afirmando a intenção de repasssar os aumentos tributários ao consumidor. E o aumento nas bombas de combustíveis não será o único que pesará no orçamento das famílias. Como o modal viário nacional se baseia pelo transporte rodoviário, o frete é um dos componentes do preço final dos produtos. Logo, as elevações dos preços dos combustíveis influirão sobre os produtos no geral”.

Infelizmente a previsão da Entidade se confirmou com dados recentes da FGV. Segundo a Fundação Getúlio Vargas, a inflação percebida pelas famílias de baixa renda teve avanço de 11,52% (IPC-C1), superando a inflação registrada para toda a população, que ficou em 10,53% (IPC-BR).

Na corrente das medidas impopulares, o Ministro defendeu a aprovação pelo Congresso Nacional das Medidas Provisórias 664 e 665, que restringem o acesso dos trabalhadores aos benefícios trabalhistas e previdenciários. E obteve êxito.

Outro passo vitorioso do ministro foi a manutenção dos vetos do reajuste salarial dos servidores do Judiciário e a aplicação das mesmas regras de reajuste do salário mínimo para pensionistas e aposentados. Se os vetos tivessem sido derrubados pelo Congresso, as medidas poderiam trazer um custo adicional superior a R$ 47 bilhões nas despesas do Governo até 2019.

A mão pesada do Estado não recaiu somente sobre os trabalhadores. As desonerações concedidas para alguns setores da economia foram revistas. Para os setores que pagavam uma alíquota de 1% de contribuições previdenciárias passaram a pagar 2,5% e para quem pagava 2,5% teve que contribuir com 4,5%.

O principal objetivo do ministro era de reequilibrar as contas públicas após o déficit primário de R$ 32,5 bilhões alcançado no ano de 2014. A proposta inicial do Governo, em 2015, era de atingir um superávit primário de R$ 66,3 bilhões (1,19% do PIB). O superávit primário se destina a economizar para o pagamento dos juros da dívida pública. Contudo meses depois, Levy volta à imprensa para anunciar a revisão da meta para “apenas” R$ 8,74 bilhões (0,19% do PIB). Na ocasião, o então Ministro da Fazenda disse que o Governo estava “cortando na carne”.

Em outro momento, devido aos fracassos acumulados na sua atuação no Ministério da Fazenda, Levy decide transformar a meta de superávit em déficit primário. Contrariando mais uma vez a expectativa do mercado para redução do endividamento público. O déficit primário então seria de 0,8% do PIB (R$ 51,8 bilhões). Este resultado considera apenas as despesas do Governo que superaram as suas receitas, e desconsidera os dispêndios com juros da dívida pública e as chamadas “pedaladas fiscais” (atrasos dos pagamentos do Governo aos bancos públicos).

De janeiro a novembro do ano passado, o Tesouro Nacional estima um déficit primário de R$ 54,3 bilhões. Portanto, a meta de superávit primário estabelecida no começo de 2015 não passou de ilusão.

Desta maneira, o Governo voltou a repetir o mesmo erro de 2014 e apresentou pela segunda vez consecutiva déficit primário. A insistência de que a solução se encontra do lado da Receita e não das Despesas só trouxe ônus aos trabalhadores e aos empresários.

Em virtude da dificuldade do ministro em aprovar o pacote de ajuste fiscal no Congresso Nacional e as inúmeras notícias negativas acabou acontecendo o que Levy mais tentava evitar, o rebaixamento da nota de crédito do país. A primeira a rebaixar o país foi a agência de risco Standard & Poor’s que diminui a nota de ‘BBB-’ para ‘BB+’. A agência já havia anunciado a perspectiva do Brasil como negativa. Isso significa que o país possuía o selo de bom pagador da sua dívida e com a nova nota caía para a categoria de especulação. Na linguagem coloquial do mercado o país entrava para o grupo dos “junk” (lixo, em português). A nota de crédito é uma avaliação feita para indicar aos investidores se é seguro ou não aplicar os seus recursos em determinado país ou empresa.

Em seguida foi a vez de a agência Fitch Ratings rebaixar a nota do Brasil de ‘BBB’ para ‘BBB-’ e com perspectiva negativa. Mesmo com o rebaixamento, o Brasil ainda se situava dentro do grupo dos países com grau de investimento de qualidade média. Meses depois a mesma agência resolveu rebaixar mais uma vez o grau de investimento do país para ‘BB+’. Assim sendo duas das três agências de risco mais importante do mundo haviam revisado a nota do país.

Das agências mais importantes só a Moody´s não colocou o Brasil na categoria de especulação, contudo já anunciou a perspectiva negativa. Perder o selo de bom pagador pelas maiores agências de classificação de risco do mundo é ruim diante do momento de baixo desenvolvimento da atividade econômica.

Quando acontece o rebaixamento da nota de risco da dívida soberana de um país isso quer dizer que para os investidores aplicarem seus recursos no país exigirão remuneração superior. Então, agora para o Brasil ficará mais caro conseguir dinheiro emprestado no mercado. E tem outro ponto, alguns fundos de investimento internacionais possuem em seus estatutos regras rígidas de como investirem seus recursos. E uma delas é de não investir em países na categoria de especulação feita por duas ou mais agências de risco.

Em resumo o rebaixamento do grau de investimento do Brasil por duas das maiores agências de classificação do mundo e o risco de outra agência também rebaixar poderá reduzir a entrada de investimentos no país e até a saída de capitais do país. Menos investimentos aqui é sinônimo de menor crescimento da economia de um país e menos empregos. Outra consequência poderá ser a elevação dos juros pagos pelo Brasil a seus credores, o que encarecerá a dívida pública.

Já descontente com o não comprometimento do Governo de pôr em prática o ajuste fiscal e pela redução da meta fiscal para 2016 de 0,7% para 0,5% do PIB, Joaquim Levy decide abandonar o cargo de Ministro da Fazenda nos últimos dias do ano.

E agora quem assumirá a missão de ajustar as contas públicas e retomar a credibilidade do país?

Dilma escolheu seu ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa, como novo ministro da Fazenda. Doutor pela New School for Social Research e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Barbosa reúne técnica e experiência. Entretanto adota uma linha diferente de Joaquim Levy. Se por um lado Levy foi chamado de ‘Mãos de Tesoura’ por outro lado Barbosa é conhecido por assumir posição desenvolvimentista.

O mercado não apresentou bom humor com a troca de cadeiras no Ministério da Fazenda. A notícia da nomeação de Barbosa afundou as ações da Bolsa de Valores de São Paulo. O Ibovespa, índice que mede os preços dos ativos listados na Bolsa, afundou e atingiu o menor patamar desde 2009.

O balanço final da gestão da presidente Dilma Roussef apresentou os seguintes resultados:
• Acumulado dos índices de inflação superior a dois dígitos medidos nos últimos doze meses (IPCA e INPC);
• Rebaixamento da nota de crédito do Brasil pelas principais agências de classificação de risco do mundo (Fitch, Standard Poor’s e Moody’s);
• Taxa de desemprego em 7,5% (PME de novembro);
• Dólar cotado acima de R$ 4;
• Recuo de 8,3% na produção industrial (até novembro de 2015);
• Queda de 8,4% nas vendas no Comércio (até novembro de 2015);
• Redução de 3,4% do volume dos serviços (até novembro de 2015);
• Apesar de queda nas exportações, a alta do dólar contribuiu para reduzir as importações. O resultado gerou um saldo positivo de US$ 19,7 bilhões na balança comercial;
• Crescimento do estoque da Dívida Pública Federal em 18,34%;
• Queda de 13,3% do Bovespa, aos 43.349 pontos;
• Elevação da taxa Selic de 11,75% para 14,25% a.a.;

Com todos esses resultados negativos não teria outro efeito se não a queda do Produto Interno Bruto. O mercado já estima uma retração de 3,7% para o desenvolvimento da atividade econômica brasileira em 2015. Se o resultado se confirmar será o pior desde 1990, quando foi registrada a retração de 4,3%.

Mas as expectativas para 2016 não são diferentes. Com o agravamento da crise econômica, desconfiança dos investidores e empresários no país, pressão dos movimentos sociais para uma ‘guinada à esquerda’ e a dificuldade em equilibrar as contas públicas, Nelson Barbosa terá um caminho árduo durante 2016. Para este ano o mercado espera uma retração do PIB em quase 3%.

Evolução do Mercado de Trabalho

O ano de 2014 já indicava para uma possível redução na geração de postos de trabalhos no Brasil. Independente dos sinais já manifestados por setores importantes como a Indústria e a Construção Civil, ainda existia a ideia de que o país estaria passando pelo período de ‘pleno emprego’. Naquele mesmo ano a taxa de desocupação medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmava um nível baixo de desemprego (4,3%). Mas, o que é o pleno emprego?

A teoria econômica classifica a situação de pleno emprego quando os fatores de produção estão em equilíbrio, logo é determinado pela utilização da capacidade máxima de produção da sociedade. Para a questão do fator trabalho, a situação de pleno emprego no mercado de trabalho é alcançada quando a oferta e a demanda por emprego se igualam a um salário de equilíbrio. Logo, todos aqueles que desejam receber o salário de equilíbrio estarão empregados. O que na prática é muito difícil de acontecer, pois nem todos os indivíduos que desejam trabalhar aceitam receber os salários oferecidos.

Em 2014, o nível de desemprego na região metropolitana de Porto Alegre finalizou o ano com uma taxa de 3,6%. O desemprego em Belo Horizonte era de apenas 2,9% e em Recife, 5,5%. Observando apenas estes números sem considerar a produção gera a falsa ideia de ‘pleno emprego’.

A forte evolução do mercado de trabalho no país de 2004 até 2010 (último ano de mandato do presidente Lula e campanha eleitoral da presidente Dilma Roussef) proporcionou a geração de mais de 12 milhões de postos de trabalho.

No primeiro mandato da presidente Dilma observa-se a criação de quase 5 milhões de postos de trabalho. Entretanto, o início de seu segundo mandato foi penalizado pelo grande número de demissões, principalmente na Indústria e na Construção Civil. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) constatam o maior número de desligamentos sobre as admissões. No total, o mercado de trabalho terminou o ano de 2015 com saldo negativo superior a 1,5 milhões. Logo, o último ano foi responsável por eliminar quase um terço dos empregos gerados no primeiro mandato de Governo.

O resultado recente sugere para mais quedas no emprego. Os incentivos estatais verficados nos últimos anos apresentam sinais de saturação. A agenda econômica adotada pelos dois governos, de estímulo do consumo por meio da expansão do crédito, redução da taxa básica de juros, desonerações tributárias para empresas e linhas de crédito para os empresários via BNDES conferiu efeitos positivos por mais de uma década.

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Fonte: Ministério do Trabalho, Emprego e Previdência Social – CAGED
Elaboração: CNTC

Já em 2015 com as contas públicas em desequilíbrio, o total descontrole da dívida pública e a necessidade de conciliar arrecadação e despesas governamentais o Governo reduziu os estímulos à economia nacional. A consequência disso se revelou em desemprego. A taxa de desemprego observada no final de 2014 subiu para 7,5% em novembro de 2015.
Os setores mais prejudicados pelo efeito da crise econômica foram Contrução Civil (-13,6%), Indústria de Transformação (-7,4%) e Extrativa Mineral (-6,3%). Juntas eliminaram 1,04 milhão de postos de trabalho.

O Comércio também apresentou resultado negativo. O saldo do setor ficou em -218.650 empregos, sendo o Comércio Varejista o grande responsável pela queda no setor. E para agravar mais a situação do emprego, a rede de lojas Wal Mart declarou a intenção de encerrar as atividades de 30 unidades da rede no país ainda em 2015 e que continuaria até o começo de 2016. O corte no número de lojas pode afetar mais de 4 mil trabalhadores da empresa.

O maior setor do Brasil, o de Serviços, respondeu com o fechamento de 276.054 mil postos de trabalho. Proporcionalmente, a queda foi uma das menores percebida entre os setores com redução de 1,58% do estoque de empregos ligados a serviços.

Somente um setor exibiu resultados favoráveis para o mercado de trabalho. A Agricultura se beneficiou com o crescimento das exportações em 2015, em razão da desvalorização do real, e alcançou o final do ano com saldo positivo de mais de 9 mil postos de trabalho.

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Fonte: Ministério do Trabalho, Emprego e Previdência Social – CAGED
Elaboração: CNTC

O gráfico acima demonstra o comportamento do estoque de emprego celetista durante o ano de 2015. De janeiro a março o estoque chegou ao ápice e declinou até o nível atual. Datas comemorativas como a Páscoa, Dia das Mães e o Dia da Criança não foram suficientes para frear as demissões.

Perfil do Comerciário

O perfil da mão-de-obra no Comércio possui características próprias. Com o objetivo de compreender o perfil do trabalhador neste setor e devido à falta de dados mais recentes optou-se por utilizar a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do ano de 2014. De acordo com a RAIS, até o final de 2014, 9,6 milhões de trabalhadores enriqueciam a força de trabalho do setor.
O Comércio ainda é o principal destino dos mais jovens. Estima-se que 3,2 milhões de trabalhadores do setor tenham entre 18 e 26 anos (33%). Os trabalhadores mais experientes, a partir dos 40 anos de idade, respondem por 24% da mão-de-obra.

Quase metade dos trabalhadores no Comércio (46%) recebiam até 2 salários mínimos vigentes na época (R$ 1.448). Ao observar separadamente a distribuição salarial entre os sexos dos trabalhadores é notável a maior presença de homens recebendo 5 ou mais salários mínimos. Enquanto que 16% dos homens possuem rendimentos superiores a 5 salários mínimos, apenas 10% das mulheres estão dentro desta faixa. A disparidade salarial entre homens e mulheres se confirma quando observado apenas os indvíduos com salários 5 vezes superiores ao mínimo da época. Dentro deste grupo, 68% das pessoas são do sexo masculino. E a maioria são homens brancos (44% do total). Mas não são apenas os fatores sexo e raça que caracterizam os trabalhadores dessa faixa salarial. Esse grupo de trabalhadores apresenta um alto nível de escolaridade (30% deles possuem Ensino Superior ou mais), o que diverge do restante dos trabalhadores, pois em faixas salariais inferiores o percentual de empregados com Ensino Superior ou mais é de apenas 3%.

No geral a grande parte dos comerciários possui Ensino Médio Completo (61%). Somente 10,5% deles têm Ensino Médio incompleto. A expectativa da CNTC é a de que pelo menos 240 mil comerciários tenha concluído o Ensino Médio em 2015.
As ocupações mais presentes dentro do setor são: Vendedor de Comércio Varejista, Operador de Caixa, Repositor de mercadorias e Assistente Administrativo.

Brasília, 26 de janeiro de 2016.

Renan Bonilha Klein
Analista Econômico

Diretor: José Francisco de Jesus Pantoja Pereira

Gerente de Relações Institucionais: Sheila Tussi da Cunha Barbosa

Analistas de Relações Institucionais: Renan Bonilha Klein

Tamiris Clóvis de Almeida

Victor Velú Fonseca Zaiden Soares

Assistente Administrativa: Quênia Adriana Camargo

Estagiária: Letícia Tegoni Goedert

 

Pesquisa Nacional por Amostra de Domícilio

 

A taxa de desemprego voltou a crescer de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) referente ao terceiro trimestre (de julho a setembro) deste ano. No trimestre anterior a amostra avaliada registrou a taxa de desocupação em 8,3%. Já no terceiro trimestre, a taxa subiu para 8,9%, configurando como a maior desde o início da série histórica elaborada pelo IBGE.
O contingente de ocupados ficou estável no confronto com o trimestre anterior, entretanto houve crescimento de 7,5% do grupo de indivíduos desocupados.

Apesar da preocupação das famílias em equilibrar o orçamento doméstico, segundo o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com a proximidade das festas de fim de ano os brasileiros estão dispostos a aumentar as compras de bens de maior valor. Contudo, a expectavida de compra é inferior ao do ano passado.
De acordo com outra pesquisa divulgada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), as famílias brasileiras pretendem gastar, em média, R$ 106,94 nas compras de final de ano, sendo este valor inferior aos R$ 125,22 conferidos no ano passado. Se o resultado das pesquisas se confirmarem, a contratação de trabalho temporário contribuirá para suavizar o ritmo de crescimento da taxa de desemprego.

O poder de compra do brasileiro também diminui. O rendimento médio real das pessoas ocupadas registrado foi de R$ 1.889. No trimestre anterior (de abrial a maior) o redimento do brasileiro estava em R$ 1.913, confirmando o decréscimo de 1,2%.

 

Volume de vendas no Comércio

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) confirmou a retração de 0,5% no volume de vendas do comércio varejista no mês de setembro frente a agosto de 2015. Já é o oitavo resultado negativo consecutivo registrado pela série. O percentual registrado conferiu a queda de 6,2% em relação a setembro de 2014. No acumulado do ano as vendas no varejo apresentam recuo de 3,3%. Devido à importante participação do setor na economia nacional, o cenário é preocupante.

A receita nominal do setor se manteve estável em 0,1% no mês e demonstrou variação positiva em 2015 de 3,5%.

No caso do Comércio varejista ampliado, que contempla o varejo e as atividades ligadas à venda de veículos, motos e peças e material de construção, o volume de vendas e a receita nominal registraram variação negativa de 1,5% e 1,2%, respectivamente. A explicação para tal resultado pode ser conferido na forte queda no segmento de veículos, motos e peças. O segmento vendeu 4% a menos em relação a agosto e 21,8% inferior ao conferido em setembro de 2015.

Apenas 3 das 10 atividades avaliadas pela pesquisa obtiveram crescimento nas vendas em 2015, sendo as atividades de artigos farmacêuticas (3,6%), equipamentos e materiais para escritório (4%) e outros artigos de uso pessoal e domésticos (1,5%).

Saldo do Emprego no Comércio e Serviços

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) contabilizou o encolhimento de mais de 46 mil postos de trabalho no setor de Serviços em outubro. O Comércio acompanhou também o ritmo do mercado de trabalho e fechou o mês com o número de demissões superior ao de admisiões em 4.261 empregos.
Comércio e Serviços acumulam perdas de 239.293 e 76.281 postos de trabalho, respectivamente.

Inflação

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Poupança

O volume financeiro referente à captação líquida (depósitos – saques) da caderneta de poupança, de janeiro a outubro de 2015, registrou o descréscimo de R$ 57,05 bilhões em recursos aplicados no investimento. Em outubro a fuga de capitais da poupança foi de R$ 3,26 bilhões, o que configura o pior resultado registrado pelo Banco Central para os meses de outubro da série histórica. O saldo atual de todos os investimentos realizados neste ativo somam R$ 644,84 bilhões. No mesmo período do ano passado os depósitos no ativo estavam em R$ 647,5 bilhões.

Hoje a remueranção da poupança está definida em 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR). Com o avanço da inflação no país, o investimento tornou-se desvantajoso tendo em vista que outros investimentos oferecem rendimentos superiores à da poupança e também pelo ativo não assegurar o poder de compra dos investidores.

Investimentos em renda fixa como as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), de Crédito Imobiliário (LCI) e o Certificado de Depósito Bancário (CDB) são recomendados para o cenário atual, pois apresentam remuneração acima da poupança e risco semelhante. Caso o banco que emitiu esses títulos for à falência, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) assegura os investimentos até o valor de R$ 250 mil.

Cesta Básica

O preço da cesta básica subiu em 9 das 18 cidades brasileiras avaliadas pelo Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese) em outubro. Brasília (2,1%), Natal (0,97%) e Aracaju (0,93%) confirmaram as maiores altas na comparação mensal. Entretanto, Curitiba (-1,85%), Porto Alegre (-1,27%) e Florianópolis (-1,21%) apresentaram as maiores reduções nos preços dos itens alimentícios da cesta básica.

O consumidor brasileiro observou nos supermercados os preços dos alimentos subirem desde o começo do ano. São Paulo continua sendo a capital com o maior custo da cesta básica (R$ 382,13), na frente de Porto Alegre (R$ 380,80) e Florianópolis (R$ 378,45).

De acordo com o Dieese o salário mínimo suficiente para o trabalhador custear as suas despesas com alimentação, moradia, saúde, edução e outros, deveria ser de R$ 3.210,28, ou 4,07 vezes o salário mínimo vigente (R$ 788).

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O tempo médio de trabalho para o consumidor comprar todos os itens que compõem a cesta básica, em outubro, era de 106 horas e 41 minutos.

Os itens alimentícios que sofreram maior variação nos preços foram açúcar, arroz, óleo de soja, café em pó, pão francês e carne bovina. A alta dos preços comercializados do açúcar é explicada pela redução da oferta interna do alimento, em virtude do aumento das exportações e de parte da cana ter sido destinada para produção de etanol.

O pão francês, alimento presente com frequência na mesa das famílias brasileiras, teve aumento em 13 das cidades avaliadas, com variação de preços entre 0,54% e 3,03%. A desvalorização do real em relação à moeda norteamericana encarece a farinha de trigo. As chuvas na região Sul do país e a pequena oferta de cereal de boa qualidade também contribuíram para o aumento do custo de produção do pão francês.

Endividamento Familiar

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) registrou redução no percentual de famílias endividadas em outubro.

Após sete altas consecutivas o percentual de famílias com dívidas reduziu de 63,5% em setembro para 62,1% no mês de outubro. Apesar da melhora no orçamento das famílias, o total de endividados ainda supera o estimado no ano passado. As famílias entrevistadas declararam possuir dívidas com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro.

A pesquisa é realizada mensalmente pela Entidade desde 2010 e conta com a coleta de dados de 18 mil consumidores distribuídos em todas as capitais metropolitanas.
O indicador responsável por medir o percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso se manteve constante ante ao mês imediatamente anterior, em 23,1%. Mesmo assim, o indicador aponta para a maior dificuldade das famílias brasileiras em fechar as contas no final do mês. No ano passado, 17,8% dos consumidores entrevistados relataram se encontrar nessa situação. O tempo médio de atraso das contas foi de 61 dias.

A relação de consumidores que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso apresentou leve queda na comparação mensal, passando de 8,6% para 8,5% em outubro. Na análise por faixa de renda, o percentual apurado para o grupo com renda de até dez salários mínimos foi de 10,1% contra 2,5% das famílias com renda superior a dez salários mínimos.
As dívidas com cartão de crédito (78,5%), carnês (16,6%) e financiamento de carro (13,4%) são as que estão mais presentes no orçamento das famílias brasileiras.

Selic

Nas reuniões realizadas nos dias 24 e 25 de novembro os membros do Comitê de Política Monetária (COPOM) decidiram pela manutenção da taxa básica de juros, Selic. Portanto, a Selic continua a 14,25% a.a. Foram seis votos à favor da manutenção da taxa Selic e dois pela elevação da taxa para 14,75%.
As próximas reuniões do COPOM estão agendadas para os dias 19 e 20 de janeiro de 2016.

Dívida Pública

Conforme dados disponibilizados pela secretaria do Tesouro Nacional o estoque da Dívida Pública Federal (DPF), que compreende as dívidas interna e externa, sofreu a segunda queda, em termos nominais, no ano. A redução conferida em outubro foi de 3,22%, o que fez a dívida cair de R$ 2,734 trilhões para R$ 2,646 trilhões. Desde o começo de 2015 o Governo Federal tem tentado reduzir o gasto público com o intuito de controlar a Dívida Pública, contudo a retração da dívida não pode ser confiado apenas ao Governo, mas também a valorização do Real frente ao dólar norteamericano e ao euro.

A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) verificou redução do seu estoque em 3,27% em razão do resgate líquido (resgastes – emissões) de R$ 110,64 bilhões, sendo este valor compensado pela apropriação positiva de juros de R$ 25,96 bilhões. Portanto a DPMFi reduziu de R$ 2,588 trilhões, em setembro, para R$ 2,504 trilhões no mês de outubro.
Já a Dívida Pública Mobiliária Federal externa (DPFe) foi favorecida pela valorização do Real. A redução do estoque apurado ficou em 2,37%, finalizando outubro em R$ 142,43 bilhões (US$ 36,91 bilhões). Em setembro a DPFe foi apurada em R$ 145,89, que na epóca equivalia a US$ 36,72 bilhões.

Os dados ainda revelam o crescimento de investidores estrangeiros na composição dos detentores da dívida. A participação deles subiu de 18,85% para 19,13%, enquanto que a participação de Instituições Financeiras caiu de 25,36% para 24,28%. O grupo Previdência também apresentou variação positiva na composição do estoque da dívida (de 20,88% para 21,62%).

Indicadores de Mercado

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Brasília, 26 de novembro de 2015.

Renan Bonilha Klein
Analista Econômico